Menos lixo e mais renda

Atualizado em 05 de junho de 2007
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Apenas 13% dos brasileiros fazem coleta seletiva. É pouco sabendo das vantagens sociais e ambientais que a reciclagem proporciona. Saiba como fazer a sua parte

 

Por Sara Puerta

 

Precisamos reciclar mais. Dos 5.560 municípios do Brasil, apenas 327 têm algum programa oficial de reciclagem. E, dos 180 milhões de brasileiros, 25 milhões têm acesso à coleta seletiva no país todo. Esses números foram divulgados na mais recente pesquisa CempreCiclosoft, realizada pelo Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem) em 2006. A associação é responsável por educação ambiental para formadores de opinião, como professores, presidentes de empresas e políticos.

 

O número é muito baixo, levando em conta que a coleta seletiva de lixo traduz os ideais que devem ser seguidos para alcançar o crescimento focado em preservação ambiental e inclusão social.

 

Para o meio ambiente, é uma oportunidade de impedir a degradação ambiental, pois diminui o volume de lixo nas cidades e evita que os recursos naturais não-renováveis se esgotem. “Além disso, ocorre economia de energia –e conseqüentemente redução na emissão de carbono–, pois os processos de reaproveitamento de latas, vidros e papel

gastam menos energia, comparados aos processos primários de fabricação. Também não ocorre decomposição natural das embalagens que deixa resíduos no solo, e ainda, os materiais são reaproveitados para a fabricação de outros produtos”, explica André Vilhena, diretor executivo do Cempre.

 

Esse é o caso, por exemplo, da reciclagem das garrafas PET (Poli Tereftalato de Etila), comumente utilizadas para embalar refrigerantes de dois litros. Quando recicladas, são aproveitadas na indústria têxtil, na confecção de camisetas de polietileno e na fabricação de tintas e vernizes.

 

Segundo Hermes Contesini, coordenador de comunicação da Abipet (Associação Brasileira da Indústria PET) no Brasil, são 300 empresas que atuam no processo de reutilização das garrafas e cerca de 50% delas já são reaproveitadas.

 

“O andamento da indústria de reciclagem é um reflexo das mudanças na consciência. Ainda temos um longo trabalho de educação ambiental para atingir mais pessoas, mas estamos à frente de países como Estados Unidos e Japão”, afirma Contesini.

 

A latas de alumínio, atualmente, são as embalagens mais recicladas e mais procuradas. Foram reaproveitadas mais de 9 bilhões em 2005 no Brasil, isso equivale a 96% das latas de alumínio produzidas.

 

“Para cada lata reciclada gera-se uma nova lata, com 95% de economia de energia em cada processo, comparado à fabricação primária. Portanto, há uma enorme economia de energia nessa indústria”, observa Vilhena.

Então, nada de jogar latas e embalagens junto com restos de comida. “Reciclagem é uma ação simples que qualquer um pode fazer, basta separar as embalagens, papéis e vidro do lixo orgânico. Essa atitude torna os cidadãos ecoeficientes, cooperando ativamente com a preservação ambiental”, acrescenta.

 

A rede do lixo reciclável

A lata de alumínio tem o maior volume de reciclagem. Ela possui um grande valor no mercado para as empresas que fazem a transformação. Uma tonelada de latas vale R$ 3.700 em São Paulo –devido à distância do centro de reciclagem– e R$ 2.800 no Rio de Janeiro e Recife.

 

De acordo com o Instituto Pólis, cerca de 300 mil pessoas obtêm sua renda com a reciclagem no Brasil. Apesar de ser uma atividade lucrativa e em franco crescimento

no país, a reciclagem também reflete a distribuição de renda desigual, tipicamente brasileira. Com um desemprego estrutural e persistente, sempre próximo ou acima dos 10% da PEA (População Economicamente Ativa) nos dois governos FHC e no primeiro governo Lula, a atividade de catador de lixo foi uma das opções encontradas por um exército de desempregados em todo o país.

 

Segundo associações de catadores de materiais recicláveis, o trabalhador do setor junta em média um salário mínimo por mês, R$ 350.

 

:: MOTIVOS PARA RECICLAR

 

:: Papel

Pode reciclar: papelão, embalagem, jornais, revistas, folhas de caderno, formulários contínuos, envelopes, cartolina e embalagem longa vida

O que dá para fazer: papel reciclado (mais escuro que pode ser usado em cadernos, livros, agendas e revistas); artesanato, utilizado para fazer bijuterias, abajures, cortinas placas, telhas e canetas com embalagens Tetra Pak

Vantagens: diminuição da quantidade de lixo; a cada 50 kg de papel reciclado uma árvore deixa de ser cortada; economia de 70% a 90% da energia comparada ao processo primário

 

:: Plásticos

Pode reciclar: tampas, potes, frascos, garrafas PET embalagens de material de limpeza, copos, canos, sacos, peças de brinquedo

O que dá para fazer: resinas e solventes; as fibras do PET também são utilizadas na indústria têxtil para a confecção de camiseta em polietileno

Vantagens: economia de 30% de energia e redução da emissão de carbono

 

:: Metais (alumínio, aço e cobre)

Pode reciclar: tampas, ferragens, latas de aço (óleo, leite em pó, molhos), latas de alumínio, canos, tubos, fios, pregos, parafusos e panelas

O que dá para fazer: aço e cobre fundidos são utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens; latas de alumínio são transformadas em novas latas

Vantagens: para cada tonelada de aço reciclada, economia de mais de 100 kg de ferro e 150 kg de carvão; economia de 95 % de energia comparada ao processo primário

 

:: Vidro

Pode reciclar: garrafas, potes, copos, frascos, pratos e cacos

O que dá para fazer: com um quilo de caco de vidro é feito um quilo de vidro novamente

Vantagens: não ocorre perda, nem deixa resíduos para o meio ambiente; são poupadas matérias-primas naturais, como areia, barrilha e calcário; com 10% de “cacos de vidro” utilizados na fabricação do vidro reciclado, há economia de energia e redução em 5% da emissão de CO2

 

Fontes: Ambiental Brasil, portal de meio ambiente, Abividro (Associação Brasileira da Indústria do Vidro)