Marilson e a volta por cima

Atualizado em 11 de outubro de 2008
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Por Alexandre Vasconcellos
Foto Dhani Borges

Qual o maior objetivo na vida de um atleta? Na maioria dos casos, sem dúvida, é a disputa dos Jogos Olímpicos. E não foi diferente para o maratonista brasileiro Marilson dos Santos. O brasiliense de 31 anos chegou à Pequim bem cotado para disputar uma medalha, mas acabou abandonando a apenas 7 km do fim, após distanciar-se demais do pelotão principal.

Vencedor da Maratona de Nova York, em 2006, uma das principais provas de rua do mundo, Marílson vinha, desde então, em grande forma. No Mundial de Meia-maratona, disputado em 2007 na cidade de Udine, na Itália, obteve sua melhor marca pessoal (59min33s).

Agora, na XII edição do Mundial de Meia-maratona, realizado pela primeira vez no Brasil, Marilson tem uma ótima oportunidade para reencontrar seu melhor desempenho. Em entrevista a O2 Por Minuto neste sábado (11/10), o fundista falou de suas expectativas para a prova, da decepção olímpica e de suas perspectivas futuras.

O2 Por Minuto – Qual a sua expectativa para a prova de amanhã?
Marilson Gomes dos Santos –
É uma prova muito difícil, com uma subida forte logo no começo. Tive que dar uma pausa depois das Olimpíadas, e estou voltando aos poucos. Dentro do meu limite, quero fazer uma boa prova. Estava bem antes dos Jogos, acho que dá para voltar bem.

O2 Por Minuto – Qual balanço você faz do seu desempenho nas Olimpíadas?
Marilson –
Fiquei decepcionado, claro! Vinha numa fase muito boa, com bons tempos. Priorizei a Maratona (Marilson abriu mão de disputar os 10 mil metros, onde tinha menos chance de medalha), mas não deu para fazer uma boa prova. Agora, tenho que pensar nos meus erros, ver onde errei e o que posso fazer para tudo dar certo na próxima vez. Não terminar a Maratona, para mim, foi difícil. Tive que repensar muita coisa. Mas agora já estou focado de novo.

O2 Por Minuto – Já se planeja para o próximo ciclo olímpico? Pensa em competir em 2012, em Londres?
Marilson –
Sim. Se eu chegar lá em condições de conseguir o índice para a maratona, eu vou com tudo de novo. É meu objetivo, sim.

O2 Por Minuto – No Mundial de Meia-Maratona do ano passado, em Udine (Itália), você obteve seu melhor tempo nesta prova (59min33s), colocando-o em 1º lugar entre os atletas ocidentais. É uma boa prova para recomeçar?
Marilson –
Eu gosto dessa prova, mas eu ainda não estou no melhor da minha forma. Não posso esperar atingir a marca do ano passado, até porque aqui no Rio ninguém deve conseguir fazer seu melhor tempo.

O2 Por Minuto – O que faz do percurso do Rio mais difícil?
Marilson –
O tempo não ajuda, está muito úmido (a previsão para a hora da prova é entre 17ºC e 21ºC, com fortes possibilidades de chuva). Além disso, a pista não é plana como em Udine, tem uma subida muito forte logo no começo. É uma prova difícil, exige muito do atleta, apesar de ser uma prova rápida.

O2 Por Minuto – Quanto à organização, qual sua impressão do evento?
Marilson –
Muito boa, não deve nada a nenhuma prova grande “lá de fora”. Hospedagem, alimentação, tudo muito bem feito. É importante ter um evento desses aqui, ainda mais no Rio.

O2 Por Minuto – E sua preparação? Como você passa os últimos momentos antes da prova?
Marilson –
Tem gente que gosta de ouvir música, tem gente que reza. Eu gosto de ficar quietinho, no meu canto. Fico observando as pessoas, os atletas, o lugar. É meu jeito, sou mais calmo. Fico na minha, pensando, focado na corrida.