Marilson abre o pregão da BM&F Bovespa

Atualizado em 11 de novembro de 2008
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Por Fernanda Di Sciascio

Conquistar uma medalha olímpica e, a curto prazo, correr uma maratona para 2h06min ou 2h05min “altos” são os objetivos de Marilson Gomes dos Santos, o corredor de 31 anos que levou o nome do Brasil para o pódio – duas vezes – de uma das mais importantes maratonas mundiais.

Após o toque simbólico da campainha que abre o pregão em São Paulo, o atleta recebeu 1 kg de ouro do Clube de Atletismo BM&FBovespa, em homenagem ao bicampeonato em NY, e R$ 100 mil do Pão de Açúcar, também patrocinador de Marilson.

“Estou muito contente com o resultado na Maratona de Nova York. Foi um excelente resultado pós-olimpíada, prova para a qual me dediquei muito, treinei extremamente focado, e o resultado não foi como planejado. Fiquei frustrado. E vencer Nova York me mostrou que eu poderia ter corrido bem em Pequim, mas que, por alguma razão que eu ainda não sei, não estava em meu dia”, disse Marilson hoje na BM&F Bovespa, a bolsa de mercados e futuros de São Paulo.

Ele destacou que, além de atleta, é um ser humano e apesar de as pessoas colocarem muitas expectativas nos resultados, há imprevistos: “Tenho sentimentos, emoções, e, às vezes, a corrida não sai como eu treinei, como planejei durante o preparo”.

Em Nova York
Após a largada, pontualmente às 10h47min, na maior ponte pênsil do mundo, a Maratona de Nova York foi liderada boa parte do tempo pelo marroquino Abderrahim Goumri. Por volta da 20ª milha, Marilson o ultrapassou e ficou a frente por cerca de 2 milhas, quando foi novamente ultrapassado por Goumri. Ao final do percurso, no último quilômetro até o pórtico de chegada, Marilson assumiu a liderança e garantiu o bicampeonato.

De acordo com Adauto Domingues, treinador de Marilson e ex-atleta, o resultado é louvável: “Foi excelente. Nada melhor do que uma vitória como essa para esquecer a olimpíada e pensar em novas conquistas. O Marilson fez uma excelente corrida e bateria qualquer corredor naquele dia, naquela corrida”, destacou o técnico.

Neste ano, a maratona reuniu 39 mil participantes e contou com 105 mil inscrições para a loteria e novidades como largadas em ondas – visando o crescimento planejado para as próximas edições. A prova acontece sempre no primeiro domingo do mês de novembro, e neste ano, levou mais de dois milhões de pessoas às ruas para apreciar a disputa, e como nos últimos anos, levou a elite mundial de corridas para a disputa dos 42 km e do prêmio de US$ 600 mil.

Atleta diferenciado
As conquistas de Marilson nos últimos o colocam no patamar de um dos maiores maratonistas brasileiros de todos os tempos. “Ele é um atleta diferenciado. Poucos corredores fazem o que ele faz e ainda sentem-se bem no pós-prova. Depois da olimpíada, prova em que o Marilson correu 25 km, ele ficou duas semanas sem correr e então retomou os treinos em Campos de Jordão. Essas duas semanas foram necessárias para digerir o que houve em Pequim, afinal, não foi fácil”, contou Adauto Domingues, que complementou:

“No início de outubro o Marilson fez a Meia-maratona do Rio de Janeiro, a contragosto, mas porque é importante ter uma competição com um bom resultado antes de ir para um objetivo importante. Dessa forma ele desfez a decepção olímpica e notou que estava bem preparado para Nova York, onde mostrou um excelente resultado”, ressaltou o treinador.

Foco no primeiro lugar
Por enquanto, ainda não há definição de futuras provas: “Após a vitória em Nova York, fiquei uma semana na Disney, comemorando seis anos de casado, e lá a Juliana [Gomes, a mulher de Marilson] e eu pudemos aproveitar como casal, não apenas como atleta. Voltamos ontem dos Estados Unidos, preciso ainda passar por avaliações para ver o desgaste que a Maratona de Nova York causou para, então, definir juntamente com o Adauto e meus patrocinadores futuras provas, se farei a São Silvestre e qual será a maratona do primeiro semestre”, pontuou o atleta, reiterando que já está em ciclo olímpico, para preparar-se para Londres em 2012.

Domingues, por sua vez, disse: “Graças aos patrocinadores [BM&F, Prefeitura de São Caetano do Sul, Pão de Açúcar e Nike], temos a liberdade de escolher as provas que nos são mais interessantes, o que é ótimo. Temos de ver a saúde do Marilson, o quanto ele se desgastou em Nova York. Há algumas provas que apenas uma semana de trote na grama e massagens ele já está pronto, mas Nova York é uma prova difícil e desgastante, há risco de microlesões e ele precisa ser bem avaliado”.

E reforça: “Quando escolhemos uma prova, é para vencer. Se o Marilson não estiver treinado para pegar pódio na São Silvestre, para nós não vale a pena participar. Ele tem de estar descansado para realizar um bom trabalho”.

Para finalizar, Marilson definiu-se: “Gosto de provas difíceis e poucos atletas adaptam-se a essa condição. Nesses percursos rendo melhor e para as próximas maratonas quero escolher corridas que se adéqüem bem ao meu perfil.“

Principais marcas do atleta
:: Bi-campeão na Maratona de São Silvestre (2003 e 2005) e bi-campeão na Maratona de Nova Iorque (2006 e 2008)
:: Participações em Jogos Olímpicos: Pequim (2008)
:: 2007 – recorde Sul-americano da meia-maratona – 59min33s (melhor marca na distância conseguida por um corredor não-africano)
:: Participações em Jogos Pan-americanos: prata nos 10 mil metros e bronze nos 5 mil metros nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007
:: 2006 – recorde Sul-americano nos 10 mil metros – 27min28s