Maratona de São Paulo: Brasil vence

Atualizado em 01 de junho de 2008
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Por Marcelo Marcondes
Foto: Fernanda Bozza

Os corredores que participaram da 14ª Maratona Internacional de São Paulo e chegaram por volta das 7h30 desse domingo nas imediações da Ponte Estaiada, o novo cartão-postal de São Paulo, sentiram a garoa fina e o frio tipicamente paulistanos. Mesmo com o tempo ruim, a impressão era a de que um grande evento estava ocorrendo no local. Afinal, havia cerca de 12 mil atletas para a disputa dos 5, 10 ou 42 km. Bem próxima dos corredores, ela, a ponte, gigantesca, foi o pórtico de passagem obrigatória de todos os participantes, tal como a Verrazano-Narrows é para a Maratona de Nova York.

Pré-prova
A prova reuniu os mais diversos perfis de corredores, cada um com seu objetivo em mente. O aposentado Ademir Gatti, 58, por exemplo, já participou 52 maratonas, dez delas em São Paulo. “Costumo fazer em 3h15min. Pelo menos esse era o tempo que eu fazia no percurso antigo”, afirmou. “Mas, dessa vez, acredito que fecho em 3h30min, não só pelo percurso novo, mas pelo frio”, disse.

O gerente de marketing Nélson Valente Filho, 32, já participou de quatro maratonas na vida, sendo uma delas a Maratona Internacional de São Paulo, em 2005. “Fiz em 4h02min”, contou. “Esse ano, vou usar a prova como um treino para a Maratona de Nova York. Por isso, não vou forçar e tentarei finalizar em 3h50min”, disse.

Corrida e caminhada de 5 km
Após 21min30s, chegaram os primeiros colocados masculinos da prova dos 5 km. Pouco depois, o fisioterapeuta Bruno Savini, 25, cruzou a linha de chegada, localizada próxima da Ponte Estaiada. Ainda ruborizado pelo esforço, ofegante e suando, ele elogiou a corrida, mas também sugeriu melhorias. “Achei legal pelo percurso, por passar na ponte nova, mas não gostei da subida inicial. Não por ser uma ladeira, mas porque como todo mundo largou junto, ficou um amontoado muito grande de gente e, com isso, tive que deixar de correr por um quilômetro”, afirmou. “No Ibirapuera, era melhor, mais tranqüilo, pelo fato de a rua ser mais larga”, contou o corredor, que fez a prova em 22min05s.

Corrida de 10 km
A chegada da prova de 10 km foi no mesmo lugar da maratona, ou seja, ao lado do Obelisco do Ibirapuera. A garoa, que cessou na hora da largada, ao longo da manhã se transformou em chuvisco. O engenheiro Rodrigo Bota, 33, adorou a corrida, mesmo debaixo de chuva. “Ainda bem que não fez sol, pois prefiro um clima mais frio para correr”, disse ele, que finalizou os 10 km em 59min02s. Rodrigo também aprovou o novo percurso: “O mais legal foi passar pela Ponte Estaiada. Acho que isso motivou a maioria dos corredores paulistanos”.

Quem correu os 10 km sentiu falta da marcação da distância a cada quilômetro. Por exemplo, a primeira placa sinalizou os 3 km. No final da Ponte Estaiada, os corredores reclamaram que a marca do primeiro quilômetro não chegava e que o tempo deles estava alto. Na verdade, não era isso. Somente não havia sinalização. A hidratação também demorou a chegar para quem optou pelo percurso intermediário. A água não estava das mais geladas. Sorte que o tempo não estava quente.

O ponto alto foram as estações de música ao vivo. A primeira banda, ainda na Marginal Pinheiros, tocou um samba ritmado, enquanto a segunda preferiu MPB, na Avenida Juscelino Kubitschek.

Brasileiros: os grandes vencedores
Depois de duas edições seguidas com vitória de atletas quenianos, os brasileiros voltaram a vencer na Maratona Internacional de São Paulo. Claudir Rodrigues, da equipe Athletic Sports, 32, não figurava como um dos favoritos, mas fez uma bela prova, mantendo-se no pelotão principal, e se destacou para vencer já no final do percurso. “A Maratona de São Paulo é muito técnica, mas acho que o frio me ajudou”, comentou o atleta nascido na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. “Havia competido aqui apenas em 2002 e não cheguei a completar o percurso. Agora, corri mais tranqüilo”, completou o corredor tricampeão da Maratona de Porto Alegre (2002, 2004 e 2006).

No feminino, a vitória de Maria Zeferina Baldaia foi resultado de superação. Campeã da prova em 2002, após vencer a tradicional São Silvestre em 2001, ela passou por momentos muito difíceis por causa de uma série de contusões. Desde o ano passado, melhorou seu rendimento. Foi terceira na São Silvestre de 2007, venceu este ano a Meia-maratona Stramilano, em Milão, quase conseguiu o índice para a Olimpíada e, agora, conquistou o bicampeonato em São Paulo.

“Agradeço a Deus pela minha volta e por estar novamente entre as melhores. A prova foi muito difícil, principalmente por causa do frio. Treino no calor de Sertãzinho e tive de correr de luvas e com meias especiais para agüentar”, disse a atleta do Pinheiros, que ainda ressaltou a preocupação do técnico Cláudio Castilho. “Ele estava preocupado porque disputei a Maratona de Hamburgo, na Alemanha, há um mês, e não tinha certeza de minha recuperação física. No final, ele concordou e nós dois ganhamos”, falou.

::Serviço
14ª Maratona Internacional de São Paulo

Data: 01 de junho de 2008
Horário: 8h55
Distâncias: 5 km, 10 km e 42 km
Temperatura: 14ºC (média)
Umidade: 88% (média)
Público: 12.000
Clima: Nublado e frio
Postos de hidratação: 20 (17 com água; 3 com bebidas esportivas)
Inscrição: R$ 40 a R$ 55 (dependendo da data)
Premiação: R$ 76.500 (divididos entre os 20 primeiros colocados das categorias masculina e feminina)
Vencedores:
Masculino

1º Claudir Rodrigues, 2h17min07s
2º Luiz Carlos Fernandes da Silva, 2h17min24s
3º Marcos Antônio Pereira, 2h18min09s
Feminino
1ª Maria Zeferina Baldaia, 2h42min20s
2ª Edielza Alves dos Santos, 2h42min44s
3ª Marizete Moreira dos Santos, 2h43min28s