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Atualizado em 02 de abril de 2008
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Minhas primeiras provas de natação foram, como deve ser todo início de uma atividade física, completadas em etapas crescentes e com resultados, da mesma forma, graduais.

As regras do Campeonato Paulista de Águas Abertas entre os anos de 1985 e 1991, período em que participei de quase todas as etapas, eram bem diferentes das atuais, pois a prova era dada em largada única e as voltas feitas em múltiplas de 3 ou 5 km, ou seja: se a prova total era determinada em 9 km todos largavam juntos e, quando o primeiro colocado completava esse percurso, os que viessem depois dele deveriam, obrigatoriamente, também terminar, saindo d´água mesmo que não tivessem concluído o percurso total.

Durante um ano o campeonato Paulista podia chegar a até 100 km nadados…imaginem se somarmos a isso os treinos diários que variavam de 2 a 4 km! Haja braçada e pernada para tantos quilômetros nadados!

Havia provas de 9, 12, 18 e até 20 km! Não é à toa que acabei cansando de fazer apenas natação, pois hoje no triathlon tenho que treinar três esportes, além de musculação, que me proporcionam uma grande variação de atividades.

Mas tudo isso era superado pelos desafios das provas e pela disposição e dedicação de um técnico que foi (e ainda é!) um marco na natação Paulista e Brasileira: Siegmund Pickart, o Profº Ziguinho, ainda hoje meu querido Mestre nos treinos de natação.

A equipe da Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo do Campo na época em que dela participei foi pentacampeã Paulista nas provas de águas abertas…saudade daqueles bons tempos…

Tudo isso, porém, estava com seus dias contados, pois eu já havia começado, em maio de 1991 a participar das provas de triathlon que, com sua dinâmica, público presente incentivando, e até por ser um esporte ainda quase desconhecido no Brasil me empolgavam tanto que resolvi parar com a natação pura.

Foi em meados de 1991 que me classifiquei entre os 25 melhores nadadores brasileiros para participar daquela que foi a maior prova de natação de toda minha vida: 70 km no Rio Paraná, entre as cidades de Castilho e Panorama, em 8/11/91, prova seletiva para o Mundial de Águas Abertas da Argentina que aconteceria no início de 1992.

Mas, para complicar um pouco minha situação, logo após o short triathlon do Troféu Brasil, em Santos, no dia 1/09/91, sofri um pinçamento do nervo ciático que, após ressonância magnética constataria três hérnias de disco na região lombo-sacra…tive que ficar deitado por quase de 30 dias numa única posição e tomando injeções de B-12, que me deixavam inchado e com a maior vontade de treinar para a grande prova da minha vida!

Felizmente ainda sobrava um mês para voltar aos treinos, que a equipe realizava, por falta de tempo da maioria dos membros, na represa Billings…e à noite! Para não nos perdermos na escuridão amarrávamos uma bóia nas costas com uma lâmpada alimentada por uma pilha, iguais às que os pescadores usam no escuro para saber quando algum peixe foi fisgado.

Nadávamos 8 km por treino pelo menos três vezes por semana, mas, nos primeiros dias, ainda me recuperando, eu nadava alguns quilômetros e depois acompanhava, ou tentava acompanhar os demais nadadores de caiaque, pois o teimoso barquinho insistia ou em ir para onde ele queria ou me derrubava na água, dando-me o maior trabalho para nele de novo embarcar…quando eu conseguia voltar para dentro dele o treino já havia terminado.

Com tantos detalhes para contar, acho que terei que deixar para a próxima edição o relato dos 70 km…até a próxima, portanto!