Liberty Seguros cancela patrocínio

Atualizado em 25 de maio de 2006
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POR ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ

A empresa Liberty Seguros anunciou nesta quinta-feira o cancelamento do contrato de patrocínio com a equipe de ciclismo espanhola de mesmo nome em conseqüência da prisão de Manolo Saiz – diretor esportivo da equipe e acionista majoritário da empresa Active Bay, proprietária da agremiação – acusado de participar da maior rede de fornecimento de produtos dopantes que se tem notícia na Espanha. A decisão lança profundas dúvidas a respeito da participação da equipe nas provas que restam na temporada, em especial no Tour de France, que começa no dia 1º de julho.

Em nota oficial, a seguradora afirma sempre ter defendido “uma cultura do jogo limpo e de tolerância zero em meteria de doping. Em novembro de 2005, como resultado da suspensão de um corredor por doping [Roberto Heras, vencedor da última Vuelta a España], reforçamos as cláusulas para conseguir um dos contratos de patrocínio mais rigorosos em relação ao assunto. As conseqüências da detenção de Manolo Saiz são altamente preocupantes: causam dano ao nosso nome e ao ciclismo”, diz o comunicado.

Manolo Saiz foi preso na última terça-feira, junto com médico Eufemiano Fuentes, que trabalhou nas equipes Kelme e ONCE; José Luis Merino, médico responsável por um laboratório de análises clínicas da capital espanhola; Alberto León, ciclista profissional de MTB; e José Ignácio Labarta, diretor esportivo adjunto da equipe Comunidad Valenciana. Saiz prestou depoimento e foi liberado um dia depois, o que não aconteceu com os outros três envolvidos.

A polícia espanhola anunciou ter encontrado fichas e listas com nomes de cerca de 200 ciclistas durante a operação lançada na terça-feira. Os ciclistas, espanhóis e de outras nacionalidades, pertencem a equipes da elite mundial do esporte. Segundo a emissora de rádio espanhola “Cadena SER”, Jan Ullrich seria um destes atletas. Muitos deles tiveram suas imagens gravadas por câmeras colocadas pela polícia na frente de um apartamento mantido por Eufemiano Fuentes em Madri. O apartamento se destinaria à extração de sangue dos atletas, que era posteriormente reinjetado nos cliclistas, prática proibida. Nas buscas, a polícia apreendeu grande quantidade de anabolizantes, hormônios de crescimento, EPO (eritropoietina) e mais de cem doses de sangue congelado, entre outras substâncias, além de farto material para realizar auto transfusões.

A Justiça espanhola pretende enviar os dados encontrados à UCI (União Ciclística Internacional) para que esta tome as providências necessárias.