Por Mauricio Erreria de Goes

“Ainda falta no Brasil um esquema para provas olímpicas. Combinar quem vai ser o favorito para ganhar, quem vai ajudar no ciclismo, na natação. Isso seria fundamental hoje e traria uma prata para o Brasil”. A declaração é do curitibano Juraci Moreira, que domingo, dia 15, na Praia de Copacabana, conquistou o bronze nos Jogos Pan-americanos do Rio na disputa do triathlon, única medalha brasileira na modalidade.

O brasileiro, que nadou mal a primeira volta da natação, mas conseguiu se recuperar na segunda e sair em boa posição para o ciclismo, disse ter lamentado que naquele momento os outros brasileiros na prova, Virgílio de Castilho e Marcos Antônio, não estiveram com ele.

“A maioria do pessoal trabalha em equipe. Enquanto o Andy Potts estava na frente (no ciclismo), os outros dois americanos não colocavam a cara no vento de jeito nenhum, só faziam tudo para o ritmo não diminuir. Os canadenses trabalhavam mais em grupo e eu, sozinho como brasileiro, tinha que fazer toda a força”, disse Juraci, que se manteve à frente nas primeiras voltas do ciclismo, tentando buscar Andy Potts, favorito a vencer a prova.

“Era meu interesse buscar o Potts se eu quisesse uma medalha. Então eles me deixavam fazer toda essa força, o que acabou me cansando um pouco. No final o Virgílio chegou até o nosso pelotão, mas já eram as duas últimas voltas. O ritmo estava mais estabilizado e o pessoal começava a descansar para a corrida”.

Segundo o brasileiro, ele perdeu a prata na fuga dos canadenses durante o ciclismo, que na ocasião conseguiram abrir 40 segundos de vantagem. “Isso é uma bobeira que o pelotão dá. Eles acabam abrindo 30, 40 segundos e minha prata foi-se aí, porque eu corri melhor que os canadenses (Brent McMahon e Paul Tichelaar). Mas com 40 segundos na frente não tinha muito o que fazer”, lamentou.

Ainda assim, Juraci fez a transição para a corrida entre os primeiros e, na primeira volta, conseguiu acompanhar o favorito Andy Potts. Porém, na segunda, o norte-americano apertou o ritmo em busca dos canadenses que lideravam e o brasileiro não conseguiu acompanhar.

“Ele estava em um ritmo forte para pegar o primeiro colocado e eu já estava no limite. Fiz tudo que dava e acabei chegando para o bronze. Para mim é uma felicidade, é um sonho realizado”, declarou o atleta, que já esteve em duas Olimpíadas, mas nunca em um Pan-americano. “Sempre tive problemas em seletivas para o Pan. Era uma frustração que eu tinha. Em uma das seletivas furou meu pneu, na outra tive um problema na natação. Então para mim esse dia vai ficar na história como o melhor momento da minha carreira. É o sonho de qualquer atleta brasileiro ganhar uma medalha no Pan do Brasil. A gente sabe que daqui a 30 ou 40 anos vão falar do Pan do Brasil ainda e eu vou poder dizer que eu ganhei uma medalha aqui”.

Resultado tempo total

1º – Andy Potts (Estados Unidos) – 1h52m31s
2º – Brent McMahon (CAN) – 1h52m38s
3º – Juraci Moreira (BRA) – 1h52m54s
13º – Virgílio de Castilho (BRA) – 1h55m17s
29º – Antônio Marcos da Silva (BRA) – 2h06m50s