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Por Odara Gallo
Aos 37 anos, José Telles de Souza, nascido em Rio Grande, no Piauí, chega ao patamar que muitos atletas lutam para alcançar: representar o país nas Olimpíadas. O corredor, que deu suas primeiras passadas correndo atrás de gado para ajudar seu avô no sítio da família, tem como principal conquista a Maratona de São Paulo, de 2005, quando já treinava com o objetivo de participar dos Jogos Olímpicos desse ano. Confira a entrevista.
O2 Por Minuto – Como está o seu treino depois de conquistar o índice para as Olimpíadas?
José Telles – Já iniciei a preparação visando os Jogos. Estou fazendo trabalho de força, musculação e percursos com bastante morro. No mês que vem, começo o treinamento mais específico. Eu e o meu técnico queríamos alguma cidade de maior altitude, mas que também tivesse um clima quente, para fazer adaptação da temperatura. Como é muito difícil encontrar locais com essas características, acho que o destino será Paipa, na Colômbia.
O2 Por Minuto – O que você espera encontrar na China, com relação ao percurso e ao clima ?
José Telles – O percurso de Pequim não parece muito pesado, acho que é quase todo plano. O que mais preocupa é o calor e a poluição da cidade. Mas, como treino em São Paulo, esse é um fator que não deve atrapalhar muito. Acho que quem treina na capital paulistana corre em qualquer lugar. A minha maior expectativa é chegar na China bem fisicamente e mentalmente. A prova deve ser um pouco mais lenta por causa do clima.
O2 Por Minuto – Quando você iniciou na corrida, já tinha o sonho de representar o Brasil em uma Olimpíada?
José Telles – No início da carreira, nem pensava que pudesse um dia disputar uma Olimpíada. Apenas de 2000 para cá que comecei a achar que tinha essa possibilidade. Cheguei a tentar a marca para as últimas olimpíadas na Maratona de Paris, mas não fiz um trabalho muito voltado para esse resultado e não consegui.
O2 Por Minuto – E como foi a escolha para a tentativa do índice em 2007?
José Telles – No ano passado, estudamos uma maratona rápida e tentei Turim, mas não deu. Foi em dezembro, na Maratona de Milão, na Itália, que consegui o meu objetivo.
O2 Por Minuto – Você já soube na hora que a tinha conseguido o índice?
José Telles – Na hora que olhei no relógio e vi que tinha conseguido o índice, dei até uma choradinha, né? Sentei sozinho e lembrei de tudo na hora, passa pela cabeça toda a dificuldade do começo. É uma felicidade muito grande.
O2 Por Minuto – O que você acha que um maratonista precisa ter para ser um campeão?
José Telles – Um bom maratonista precisa ter um projeto bem planejado, apoio técnico e dos patrocinadores, além de disposição. Tem dias que o corpo está preguiçoso, não dá vontade de treinar, mas tem que pensar no objetivo e seguir em frente.
O2 Por Minuto – E quando você sente preguiça, como faz para se motivar?
José Telles – Penso em todo o trabalho que foi feito e no objetivo. Um maratonista também precisa ter uma cabeça muito boa. Na prova, costumo pensar que cada 10 km é só 1 km. Então, divido a prova em quatro partes e vou embora.
O2 Por Minuto – Qual é a parte pior da prova para você?
José Telles – A partir do quilômetro 30 é a pior parte. É a hora que dói tudo e tenho que superar para conseguir completar. Se não tiver a cabeça muito boa, dá vontade de desistir.
O2 Por Minuto – Como foi que você começou a correr?
José Telles – Quando era pequeno, corria atrás de gado para ajudar meu avô, mas nem imaginava que isso ia me ajudar a ser atleta. Alguns anos depois, meu irmão mais velho que já praticava corrida sempre tentava me convencer a correr também, mas eu queria só assistir as provas mesmo. Quando fiquei sabendo que teria uma corrida na minha cidade, resolvi participar e comecei a trotar sozinho para me preparar. Fiquei em terceiro lugar. Em 1997, tive que deixar a firma na qual eu trabalhava como operador de empilhadeira para me dedicar aos treinos. Comecei a levar a sério e focar na Maratona de São Paulo e, depois, no Campeonato Mundial e nas Olimpíadas.
O2 Por Minuto – Quais seus próximos objetivos depois de Pequim?
José Telles – Depois das Olimpíadas, vou participar do Mundial no ano que vem, em Berlim, para o qual eu já tenho índice.
O2 Por Minuto – E se a vitória da maratona olímpica vier?
José Telles – Olha, não vai ser nada fácil, mas também não é impossível, né? Estou com boas expectativas.
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