Hora da transição

Atualizado em 20 de abril de 2006
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POR DANIEL KON

A natação vai bem, o ciclismo está em dia e a corrida tinindo. Foram semanas, meses de treinos intensivos para cada uma das modalidades. O próximo passo para tornar-se um triatleta é juntar as modalidades – e ir de uma à outra com tranqüilidade e eficiência.

Independente do histórico esportivo do atleta, a prática do triathlon envolve algumas especificidades que não são abordadas no treinamento. “Insistimos para que o aluno participe de provas curtas para compreender a logística da prova”, explica o treinador Ricardo Hirsch. Além disso, as provas são uma primeira oportunidade de reunir as três modalidades e encarar as primeiras transições. “Não basta estar bem treinado em todas as modalidades, é preciso saber guardar energia para as próximas etapas”, completa.

O ex-triatleta e treinador Emerson Gomes lembra que, apesar de triatletas aspirantes, em geral, terem um passado esportivo, é preciso estar bem nas três modalidades. “Uma prova como um short triathlon é um bom jeito de medir o preparo”, sugere. O short (750 m de natação / 20 km de ciclismo / 5 km de corrida) corresponde à metade de uma prova olímpica, e pode ser um bom complemento para os treinos. Um bom exemplo são as etapas do Troféu Brasil realizadas em Santos (SP): provas planas, com mar tranqüilo, com as opções de short para iniciantes ou olímpico para profissionais.

O empresário paulista Henry James Salomon, de 44 anos, fez em dezembro seu primeiro short, em Santos. “Tinha feito um biathlon no início de novembro, o que me ajudou a compreender melhor esse tipo de prova. Consegui superar o tempo previsto e completei a prova inteiro”, conta. Ele voltou a competir em fevereiro, desta vez pedalando no revezamento do Triathlon Internacional de Santos. Os revezamentos podem ser uma boa opção para avaliar o preparo para um triathlon, de acordo com Ricardo Hirsch. “Uma vez perguntei a um aluno meu que fazia a natação do revezamento se ainda conseguiria pedalar e correr. Ele estava esgotado”.

Há ainda aqueles que treinam com um objetivo mais ambicioso em mente, como um meio ironman ou um ironman (3,8 km / 180 km / 42,195 km). Mesmo nesses casos, as provas mais curtas são a melhor maneira de acompanhar o progresso. “É preciso, primeiro, melhorar na prova curta. O ideal é começar com uma ou duas temporadas de shorts e olímpicos”, alerta Gomes.

Antônio Carlos Amaral, treinador do jovem Reinaldo Colucci, lembra ainda que os amadores têm outras prioridades: “Trabalho e família estão sempre em primeiro plano”. Ainda que a competição não esteja entre os objetivos, as provas podem servir de referência ou até mesmo de motivação para que o treinamento seja levado a sério. “Ter uma prova na agenda pode servir de lembrete para não deixar os treinos de lado”, explica Ricardo Hirsch.