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Por Cesar Candido dos Santos
Ver Natália Santana no topo do pódio já se tornou algo comum na temporada 2008. Só este ano, a ciclista da equipe Cesc/ Sundown/ São Caetano conquistou oito vitórias, e desponta como um dos grandes nomes do pelotão feminino brasileiro.
Vice-líder do ranking da Confederação Brasileiro de Ciclismo (CBC), a paulista de apenas 22 anos já deixou de ser apenas uma promessa para se tornar uma realidade, e os resultados obtidos comprovam cada vez mais isso.
Prólogo – A marcação das adversárias sobre você aumentou muito depois de tantas vitórias ?
Natália Santana – Com certeza. Quando comecei a competir, em 2006, praticamente não tinha marcação nenhuma. No ano seguinte, já fui um pouco mais vigiada, mas agora estou sendo muito marcada pelas adversárias. Isso é um pouco ruim, pois aumenta a pressão e diminui as chances de vitória.
Prólogo – Você costuma treinar sozinha ou com a equipe?
NS – No ano passado, ficava mais em casa e só treinava com a equipe quando se aproximavam as competições. Nesta temporada, passei muito mais tempo no alojamento. Fui apenas duas vezes para casa nos últimos três meses.
Prólogo – E vocês têm liberdade no alojamento?
NS – Não. No alojamento tudo é controlado. Algumas vezes até para ir ao banco é complicado. Quando se aproximam os Jogos Regionais, é pior ainda e a vigilância fica maior.
Prólogo – O ciclismo feminino tem evoluído muito nos últimos anos?
NS – O número de competidoras de bom nível tem aumentado cada vez mais. Esse ano, o ritmo nas provas foi muito mais forte. Acho que não só no feminino, mas também no masculino.
Prólogo – Você defendeu a seleção brasileira duas vezes este ano. O ritmo do pelotão daqui já está parecido com o internacional?
NS – O ritmo ainda é muito mais forte lá fora. As duas competições que participei tinham muita subida, e os percursos eram duríssimos. Aqui, os circuitos costumam ser mais planos. Tive um pouco de dificuldade por conta disso.
Prólogo – Você chegou a fazer algum trabalho específico de montanha antes de viajar com a seleção?
NS – Fui avisada da convocação quase um mês antes de viajar. Na época, estava fazendo trabalhos na pista e tive pouco tempo para treinar subida. Acredito que poderia ter me saído muito melhor se tivesse tempo para realizar um treinamento mais específico.
Prólogo – A Camila Coelho também conquistou muitas vitórias este ano. Como é sua relação com ela?
NS – Nosso relacionamento é muito bom. Ela não é apenas uma companheira de equipe, é uma amiga fora das competições. Temos uma ligação muito forte. Acho que isso ajuda nas provas. Tem horas que uma sabe o que a outra está pensando, quando vai atacar…
Prólogo – E quando as duas chegam juntas na linha de chegada, como é a decisão de quem ficará com o primeiro lugar?
NS – O [Walter] Trillini [treinador da equipe de São Caetano] conversou sobre isso antes do início da temporada. Ficou estabelecido que cada uma lutaria pela vitória em uma prova. Mas fazemos um bom trabalho juntas. Quando uma ataca a outra espera, se não estou bem converso com ela. Nosso objetivo é sempre ficar com o primeiro e o segundo lugar, mas não é em toda competição que isto é possível.
Prólogo – Você e a Camila são muito novas. Já teve alguma prova que você acha que deixaram a vitória escapar por falta de experiência?
NS – Em algumas competições, usamos uma tática diferente e já sabia que não ia dar certo. Depois vem sempre aquele pensamento de que estava me sentido bem e poderia ter conseguido a vitória se não tivesse arriscado tanto.
Prólogo – Como despertou o seu interesse pelo ciclismo?
NS – Meu irmão começou a competir em 2001. Sempre ia com meus pais acompanhá-lo. Tinha muita vontade de participar das corridas, mas não possuía condições de comprar uma speed. Quando comecei a trabalhar, a primeira coisa que fiz com o meu salário foi dar entrada em uma bicicleta usada. Parcelei em várias vezes.
Prólogo – E como você chegou até a equipe de São Caetano?
NS – No começo, treinava com o Antonio Nascimento, só tinha tempo à noite, pois trabalhava durante o dia. Mas gostava tanto daquilo que coloquei na minha cabeça que ia entrar em uma equipe. Foi aí que participei da Copa da República, em 2005, comecei a sobrar do pelotão e falei para mim mesmo: não vou ficar para trás. Dei tudo que podia e alcancei o grupo na última volta e disputei o sprint. Terminei em décimo lugar, mas comemorei como se fosse uma vitória. Fiquei mais feliz ainda porque a Camila Pinheiro era a atual campeã brasileira e chegou atrás de mim. Foi assim que me convidaram para o time de São Caetano e estou aqui até hoje.
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