Força de vontade

Atualizado em 30 de setembro de 2008
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Por Fátima Martin

Por que é tão fácil para alguns seguir a planilha de treino, manter o corpo em forma o ano ou simplesmente ter uma vida alegre com a pessoa amada, enquanto para outros, todos os objetivos parecem a vários quilômetros de distância? Calma, se você ainda não atingiu conquistou seu sonho de vida, não sofra por antecedência, porque segundo a psicóloga Cinthia Silva Sousa, membro do Conselho Regional de Psicologia e da Clínica MDR Psicólogos associados, “não existe um prazo de validade para realizar o que desejamos. Sempre há tempo. Basta ter muita força de vontade para que tudo se realize com mais facilidade”.

Ter em mente o objetivo e mirar na direção correta, mesmo que alguns ajustes tenham que ser feitos antes do próximo passo, é o primeiro passo para que tudo dê certo na sua vida. Não adianta rezar para todos os santos, se a determinação para realizar algo não for levada a sério.

Primeiro passo: o motivo do seu desejo
Para que tudo se realize conforme o planejado, seja para conseguir seguir sua planilha de treino, terminar uma prova de corrida num percurso com muita subida, largar uma carreira e iniciar em outra profissão, ser feliz no amor ou, simplesmente, perder alguns quilinhos, é necessário se fazer uma pergunta: por que quero fazer isso? “Essa questão revela o sentido daquilo que se esta fazendo ou buscando”, reforçou a psicóloga do esporte Érika Lincoln, do Conselho Regional de Psicólogos e fundadora da Associação Brasileira de Psicologia de Esporte.

Segundo passo: autenticidade
O objetivo pode estar claro e definido, porém ele não é suficiente para que a realização aconteça. De acordo com psicóloga Cinthia, quanto mais autentica uma pessoa é, mas difícil de desviá-la de seu objetivo. “A autenticidade pode ajudar muito, pois ela tem mais chances de conquistar o que realmente quer, e não irá ceder facilmente aos sonhos dos pais ou da sociedade. Ser honesto consigo mesmo é essencial”, aconselhou Érika.

Autêntica e teimosa, como ela própria se define, Camila Rondon, 29, jornalista, cantora e atriz, fez a mesma pergunta a si própria há oito anos. “Passei a adolescência praticando canto e nunca mais parei. Anos depois, quando já trabalhava como jornalista, me dei conta de que o que realmente desejava era ser cantora. Foi quando resolvi assumir para mim mesmo e para minha família e amigos. Como não tinha um plano B, criei uma estratégia. Continuei trabalhando como jornalista para aplicar os recursos em aulas de canto, aluguel de estúdios e na contratação de bons músicos”, relembrou.

Camila acredita que visão, planejamento e aceitação são os pilares para colocar o objetivo em prática. “Deixei o meu emprego na área de jornalismo para me dedicar ao canto e ao teatro. Não acredito em viver nos moldes de canção “Deixa a vida me levar”. Temos que ter, em primeiro lugar, um objetivo de vida, depois planos e metas, o que inclui teimosia e também flexibilidade para que, no final, a gente consiga alcançar o almejado”, falou Camila.

Superação no esporte
Além de mental, a determinação de superação de um objetivo também deve ser física. “Um atleta ou mesmo uma pessoa iniciante na corrida, por exemplo, conseguirá manter o corpo alerta para continuar no objetivo ao manter uma meta definida para superar os seus próprios limites. Somente tendo isso bem claro, ele terá motivo para continuar”, esclareceu a psicóloga Érika.

O psicológico de esporte também tem a função de adaptar a dinâmica do dia a dia do atleta ou praticante para que o seu desempenho melhore com o passar do tempo. “A dinâmica irá reavaliar a programação, a intensidade do treinamento e até a mudança de horário do treino, garantindo a funcionalidade do trabalho para que a pessoa supere o seu limite. O psicólogo do esporte também ajuda no entendimento de outras áreas da vida”, completou Érica.

Para as especialistas não existe limite que não pode ser ultrapassado. “A confiança é o segundo passo. Com esse sentimento, qualquer pessoa consegue ultrapassar um problema no caminho, pois a força de vontade redobra sua força e a energia fica canalizada na superação dos limites”.

Érica complementa: “o limite não é uma situação intransponível, mas uma validação do tamanho de quem eu sou. O limite é trabalhar com dados de realidade – e não da fantasia. Apesar da limitação física ou de tempo, o impedimento não é um ponto final, é uma oportunidade para buscar novas chances de qualidade de vida e felicidade”.

Less is more
É o que afirma a psicóloga de esporte Érica: “Digo que menos é mais, porque há uma carência muito grande de direção. Hoje as pessoas buscam tudo e, ao mesmo tempo, não sabem definir o que estão buscando. Temos que desacelerar e viver a pausa. Só assim a ansiedade vai diminuir e a sintonia do que realmente queremos pode acontecer”.

A cantora e compositora Camila Rondon deu uma pausa em tudo e percebeu o que queria para sua vida. “Em todos os aspectos da minha vida eu me sinto realizada, principalmente no profissional. Há alguns anos, fiz um curso de desenvolvimento na ONG CKK, o qual me ajudou muito na questão de determinação e planejamento. Depois do curso e de anos de investimento, este ano consegui desacelerar e colocar o meu objetivo em prática: a gravação do meu primeiro CD. A maior contribuição que eu posso fazer para o universo é ser eu mesma, porque serei mais feliz e isso irá refletir no mundo”, disse.

E o amor, como fica?
O amor é o aspecto mais vulnerável para concretização, mas é possível traçar um plano para ele. “Sei que tudo requer também um pouco de sorte. Mas a única coisa que deixo determinada é o tipo de relacionamento que quero construir. Quero uma relação de respeito e que não haja competição. Força de vontade para isso também é essencial”, falou Camila.