Falta pouco para a São Silvestre

Atualizado em 30 de dezembro de 2007
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A maior edição da prova mais tradicional da América Latina reunirá 20 mil corredores dia 31 de dezembro, em São Paulo

 

Por Fernanda Di Sciascio

Foto Sérgio Shibuya/ZDL

 

Com 25% a mais de corredores inscritos em relação a 2006, a grande novidade da 83ª São Silvestre é a mudança dos horários de largada. A mais tradicional competição da América Latina começa às 15h15, com os cadeirantes e categoria especial. A elite feminina larga às 16h30, 15 minutos antes da elite masculina e demais categorias.

 

A mudança do horário de largada das mulheres é uma conquista de anos de reivindicação e as melhores atletas de rua do Brasil terão um desafio extra: conquistar nesta segunda-feira a sexta vitória brasileira na história, iniciada em 1975, quando a categoria feminina foi incluída na programação.

 

Tanto no feminino quanto no masculino, Brasil e Quênia, os dois maiores vencedores da Corrida Internacional de São Silvestre, farão um duelo à parte na prova. Desde a internacionalização da prova, em 1945 na prova masculina e 1976 na feminina, o Brasil acumula 15 vitórias nas duas provas, contra 14 do país africano.

 

O calor promete ser um adversário a mais para os atletas brasileiros candidatos à vitória na São Silvestre. Em entrevista coletiva realizada neste domingo, no Hotel Trianon Paulista, em São Paulo, as principais forças brasileiras na prova demonstraram preocupação com a elevada temperatura, como o atual campeão, o mineiro Franck Caldeira, o também mineiro João Ferreira de Lima, o João da Bota, e o baiano Giomar Pereira da Silva, vice-campeão da 10K Rio.

 

Entre os quenianos, o bicampeão de 2002 e 2004 Robert Cheruiyot é o grande nome estrangeiro. “Faço questão de participar da São Silvestre, prova em que me destaquei há alguns anos. Na minha estréia na prova, fiquei em 21º lugar e fui parar no hospital. Desta vez, estou bem treinado e espero conseguir o tricampeonato”, disse Cheruiyot, que recentemente ganhou um prêmio de US$ 500 mil pelos resultados no circuito de maratonas da Iaaf.

 

Na ala feminina, Alice Timbilili, vice-campeã nas meias maratonas da Filadélfia (EUA) e Saltillo (México) e terceira em Nova Delhi (Índia) é apontada como favorita na disputa feminina. “Estou me sentindo bem para a prova, embora desconheça o percurso por se tratar da minha estréia na São Silvestre. Para mim o calor não deve ser um adversário, já que treino com sol ainda mais forte no Quênia”, disse.

 

Pelo Brasil, a mineira Lucélia Peres, campeã no ano passado, promete brigar pelo bicampeonato. “O Pan foi meu objetivo principal este ano. Agora é a reta final, tenho uma pequena lesão no calcanhar, mas estou bem treinada e com muita vontade de fazer uma boa prova. Desde a Volta da Pampulha faço um treinamento intensivo e espero que dê tudo certo”, disse.

O calor não é uma preocupação apenas dos corredores, mas também dos organizadores da São Silvestre. Por isso, Manuel Garcia Arroyo, o Vasco, diretor técnico da prova, disse que foram feitas diversas melhorias. “Aumentamos o potencial de atendimento médico em 60% e haverá três vaporizadores pelo percurso para aliviar o calor dos corredores”, enumerou. Os organizadores também ampliaram o número de copos de água de 450 mil para 600 mil.

 

Júlio Deodoro, diretor geral da São Silvestre, destaca a expectativa para a chegada da prova. “Com a mudança de horários, as mulheres largarão 15 minutos antes dos homens. A tendência é os homens alcançarem as mulheres no último quilômetro de prova, dando uma emoção diferente”, disse Deodoro, que encara com naturalidade as especulações sobre o clima desta segunda-feira. “Todo ano a prova é disputada sob calor e chuva. Desta vez não será diferente.”

 

Áreas de largada

Áreas de largada conforme o ritmo de prova de cada atleta são o diferencial de 2007. Serão oito áreas no total com tempos de referência, começando com quem corre 4min30s ou menos por quilômetro e indo até que tem ritmo de 8min ou mais por quilômetro.

 

Percurso

Com largada na avenida Paulista, em frente ao MASP, o percurso de 15 quilômetros permanece inalterado desde 1991. Os participantes seguem em direção à rua da Consolação, descem no sentido do centro da cidade, passam pela praça Roosevelt, avenida Ipiranga, avenida São João, elevado Costa e Silva, rua Marta, alameda Olga, rua Margarida, avenida Pacaembu, rua Luzitânia, avenida Rudge, avenida Rio Branco, largo do Paiçandu, rua Conselheiro Crispiniano, viaduto do Chá e largo São Francisco. Iniciam então a subida da avenida Brigadeiro Luiz Antônio e entram na avenida Paulista. A chegada é em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, no número 900.

 

Números grandiosos

O crescimento do números de atletas implicou em um crescimento exponencial da organização também. Serão 4.500 pessoas envolvidas na organização, 250 profissionais da saúde, 600 mil copos de água e 50 mil quilos de gelo (há grande preocupação na refrigeração da água dos atletas).