Exames para começar a correr

Atualizado em 07 de novembro de 2008
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Por Fátima Martin

Você quer começar a correr e não sabe qual o primeiro passo? Definitivamente, a opção de começar a trotar sozinho, sem supervisão, não é uma boa alternativa. Afinal, é preciso fazer testes e exames que liberem você para a prática da corrida, atividade de alta intensidade cardiorrespiratória.

O primeiro passo é agendar uma consulta com um médico especialista em medicina esportiva ou fisiologia do exercício, que irá analisar o seu histórico de atividades físicas, doenças de seus antecedentes familiares, lesões pré-existentes e objetivos no esporte.

Independentemente da idade, o passo a seguir são os exames de esforço para medir a função cardiovascular do corredor. “Como o coração é um órgão muito solicitado, os primeiros exames recomendados são o ergométrico ou o ergoespirométrico, também chamado de cardiopulmonar. Enquanto o ergométrico avalia a condição e o risco cardiovascular, o outro analisa a capacidade aeróbia máxima e identifica os limiares ventilatórios, necessário para avaliar depois a evolução da potência aeróbica”, explicou Luiz Augusto Riani, fisiologista e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte da USP.

Paralelamente aos exames de esforço, o ecocardiograma e os exames laboratoriais de sangue também são podem ser solicitados. “A partir do resultado de todos esses testes, é possível definir intensidade, volume, tempo e a distância do treino”, afirmou o fisiologista. Para completar, os exames biomecânicos, como o teste de pisada, são importantes para definir o tênis apropriado.

Classificação e tipos de exames
Para o fisiologista Luiz Augusto Riani, os exames podem ser classificados em três grupos: cardiovascular, metabólico e biomecânico. Confira como os exames são feitos e quais as funções.
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CARDIOVASCULAR
Ergométrico
Como é:
o atleta caminha e corre na esteira ou pedala na bicicleta ergométrica, enquanto a atividade do seu coração é monitorada por um eletrocardiograma (ECG).
Função: mede a pressão arterial, a freqüência cardíaca, a postura e sintomas como cansaço, falta de ar e dor no peito.

Ergoespirométrico (cardiopulmonar)
Como é:
ao realizar o teste ergométrico, é acoplada uma máscara no rosto do atleta, que funciona como um sensor para analisar os gases emitidos.
Função: detectar o consumo máximo de oxigênio (VO2 Máx) e o limiar anaeróbio, que indica as zonas ideais para treinamento aeróbio. Esse exame também é solicitado para pessoas com menos de 30 anos de idade para verificar a presença de fatores de risco para doenças cardíacas, obesidade, hipertensão, tabagismo, estresse, colesterol e diabetes.

Eletrocardiograma simples (ECG)
Como é:
para iniciar, é preciso estar calmo e em repouso por alguns minutos. Deitado na maca, um técnico fixa adesivos, chamados eletrodos, sobre a pele dos braços, pernas e peito. Para fixar os eletrodos, é possível que seja preciso raspar os pelos do local. Por meio do aparelho de eletrocardiograma, é feito o registro da variação dos potenciais elétricos que se originam da atividade cardíaca.
Função: identifica isquemia miocárdica, diminuição do fluxo de sangue arterial para determinada região do corpo, que pode causar infarto, e doenças coronarianas.

Ecocardiograma
Como é:
é preciso ficar deitado de lado na maca. É aplicado um gel no peito e, com o aparelho de ultra-som, o técnico recolhe imagens do coração.
Função: ao criar imagens do coração, fornece informações sobre o tamanho e a forma do órgão e mostra o trabalho das válvulas e câmaras. Também pode identificar áreas do músculo cardíaco que não estão contraindo normalmente devido ao pouco fluxo de sangue ou lesão de ataques cardíacos anteriores. O exame também verifica a manifestação hipertrofia miocárdica, em que o coração se auto-obstruiu ao fazer esforço.

METABÓLICO (EXAMES DE SANGUE)
Hemograma:
avalia se o corredor está com anemia. Se a doença for detectada, o atleta poderá ter menor rendimento durante o treinamento.

Glicemia: identifica se o corretor está com diabetes. A doença pode reduzir o esforço físico do atleta.

Dosagem do colesterol: os níveis de LDL e HDL no seu sangue podem ser determinados em um exame de sangue. O colesterol alto (LDL) pode causar maior risco para o surgimento de doenças cardíacas.

Sódio, potássio, cálcio e magnésio: eletrólitos responsáveis pelo equilíbrio muscular e construção neuromuscular. O desequilíbrio desses minerais pode causar arritmia cardíaca.

Uréia e creatinina: verificam a função renal. Se os rins não estiverem funcionando bem, o atleta poderá ter baixa resistência à atividade física.

T4livre e TSH: avaliam a função da tireóide. Com essas taxas muito altas ou baixas, o corredor poderá se sentir mais cansado ao praticar a corrida.

BIOMECÂNICO
Teste de pisada
Como é:
há vários tipos de teste de pisada. Os mais comuns são realizados na esteira, em superfícies sensíveis que lêem os pontos de impacto de cada região do pé e os computadorizados.
Função: identificar se a pisada é neutra, pronada ou supinada. O teste ajuda na escolha adequada do tênis.

Cinemático
Como é:
o atleta é filmado durante a corrida na esteira para que os movimentos sejam avaliados por especialistas
Função: analisa a angulação do pé, joelho, quadril e coluna para adequar o movimento biomecânico do corpo durante a corrida.

Dinamometria isocinética
Como é:
um braço de robô é acoplado às articulações do corpo, como pé, joelho, quadril e coluna.
Função: testar os ângulos de movimentos e as restrições musculares. Esse exame analisa a velocidade de reação da contração muscular, da força que o membro consegue exercer e da simetria entre os músculos.