Estufa Asiática

Atualizado em 09 de dezembro de 2008
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Por Marcelo Marcondes, de Cingapura

Aproximadamente 50 mil participantes largaram na madrugada do sudeste asiático no último domingo, dia 7 de dezembro, para a Maratona de Cingapura. O evento faz parte do conjunto de corridas conhecidas como GROE (Greatest Race On Earth – em português, Maior Corrida da Terra), uma iniciativa do banco Standard Chartered, que patrocina as quatro corridas: Mumbai, Hong Kong e Nairóbi, além de Cingapura.

As maiores corridas do mundo
Este conjunto de provas – cada uma com um apelido diferente; a corrida alta (Nairóbi), a corrida da ilha (Cingapura), a corrida histórica (Mumbai) e a corrida do cais (Hong Kong) – é disputado por times de países do mundo todo, mais notadamente africanos, sul-americanos e asiáticos.
Cada equipe designa um maratonista para disputar uma das etapas da prova. E, se conseguirem uma boa classificação, ganham pontos. Foi o caso do queniano Amos Matui, terceiro colocado da maratona na classificação geral com 2h15min18s, porém o primeiro de todos os participantes de times a cruzar a linha de chegada. Antes deles, dois de seus compatriotas já haviam cruzado a linha de chegada dos 42 km: Johnstone Chepkwony, com 2h15min14s, além do grande destaque e campeão da prova na classificação geral, Luke Kibet.

Pódio dominado
Com um tempo de 2h13min30s, Kibet quebrou o recorde do ano passado de seu compatriota, Elijah Mbogo, de 2h14min22s. O calor e a umidade excessiva tornavam excruciante a tarefa de correr por 42 km, mas Kibet fez a vitória parecer fácil. Desde a largada se distanciou dos demais corredores, e, somente no final, seu compatriota Chepkwony conseguiu acompanhar o seu ritmo, terminando a prova, porém, mais de dois minutos depois.
Falando ao O2 por minuto, Kibet demonstrou calma em seu depoimento, e afirmou que não foi tão difícil assim: “Claro, não é uma prova fácil por conta do tempo abafado e da alta umidade, mas me senti confortável, consegui imprimir um ritmo muito bom desde o começo, e o mantive. No quilômetro 25, finalmente, senti que eu poderia aumentar o ritmo e, aí, me distanciei mesmo dos oponentes”.
Do lado feminino, o Quênia também dominou o pódio da maratona. A primeira e a terceira colocada eram do país africano, respectivamente Edith Masai e Rose Chemine. Entre as duas, chegou a russa Silvia Skvortsova.

Corrida contra o clima
Diferente de Kibet, os brasileiros sentiram o clima pesar no desempenho. O país foi representado na GROE de Cingapura este ano por Geovani Braga, 36, do lado masculino. Com 2h47min41s, ele chegou em 36º na classificação geral, e colocou o Brasil em 13º lugar na classificação da “Maior Corrida da Terra”. “Embora seja uma prova rápida, ela é muito difícil, por conta do clima e da umidade muito alta. No quilômetro 27, quebrei. A partir daí, segui como pude até o final”, desabafou Braga, desapontado.

A representante feminina foi a maratonista estreante Vilma da Silva, 28. Seu tempo de prova foi de 3h44min57s, que lhe rendeu o 41º lugar na colocação geral. Com o resultado, Vilma deixou o time brasileiro feminino em 11º lugar na GROE. Para Vilma, o problema foi ainda pior. Seu maior medo, antes da prova, era não conseguir terminar os 42 km. Bravamente, ela conseguiu completar o percurso. Porém, o custo foi alto. Logo após cruzar a linha de chegada, a atleta passou muito mal e teve desmaios, devido à alta desidratação sofrida. Levada ao hospital, precisou tomar aproximadamente 2 litros de soro.

A delegação brasileira que viajou patrocinada pelo Standard Chartered contou ainda com o maratonista paraolímpico brasileiro Alex Mendonça, 27. Para ele, que fez a prova em 2h55min, o maior problema não foi o clima estafante. “Claro que o clima também atrapalha”, disse. “Mas isso nem foi o pior; difícil mesmo foi a escuridão na qual a gente tinha que correr, pois não havia iluminação em vários pontos do trajeto”, afirmou Mendonça, que tem apenas 20% de visão em ambos os olhos.
Apesar de tudo isso, nenhum dos três relutou quando indagados se voltariam a Cingapura para correr a maratona em 2009: “Com certeza”, disseram, em uníssono.
:: Standard Chartered Singapore Marathon 2008
Data: 7 de dezembro de 2008
Horário: 5h30
Distância: 10 km, 21 km e 42 km
Clima: Nublado
Temperatura: 27ºC (média)
Umidade: 90% (média)
Participantes: 50 mil
Inscrição: U$ 45 a U$ 85 (dependendo da distância escolhida e da data de inscrição)
Premiação: U$ 194 mil

Pódio:
10 km
Masculino:
Nabin Kumar Rai (NEP), 34min42s; Soh Ruiyong (CIN), 34min54s; Jagat Bahador Magat (NEP), 34min57s
Feminino: Renuka Satianathan (CIN), 42min06s; Natalie Seaman (CAN), 42min58s; Chiew Yi Jun Louisa (COR), 44min01s

21 km
Masculino:
Benjamin Kiplimometo (QUE), 1h08min02s; Boonchoo Jandacha (TAI), 1h11min41s; Kim Yong Taek (COR), 1h12min50s

Feminino: Suzy Walsham (AUS), 1h17min45s;Lucie Hardiman (AUS), 1h24min46s; Jenny Lundgren (SUE), 1h25min46s
42 km
Masculino: Luke Kibet (QUE), 2h13min30s; Johnstone Chepkwony (QUE), 2h15min14s; Amos Matui (QUE), 2h15min18s

Feminino: Edith Masai (QUE), 2h34min18s; Silvia Skvorstsova (RUS), 2h37min14s; Rose Chemine (QUE), 2h42min43s