Entrevista: Rafael Andriato

Atualizado em 22 de setembro de 2011
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Por Tadeu Matsunaga

O ciclista Rafael Andriato teve uma rápida ascensão na carreira – algo não muito freqüente no ciclismo nacional. Aos 19 anos, o velocista defendeu as cores da equipe Memorial, de Santos, por apenas uma temporada antes de migrar para o continente europeu. Pelo time da baixada santista, Andriato obteve triunfos importantes em território nacional. Foi campeão da tradicional 9 de Julho, além de vencer etapas nas Voltas do Rio, de São Paulo e do Paraná.O paulista foi um dos representantes brasileiros nos Jogos Pan-Americanos do Rio, quando o ciclismo de estrada ficou com a medalha de bronze na Estrada, com Luciano Pagliarini.

Após três anos na Itália, o brasileiro tem se destacado na categoria diletante. Competindo pela Petroli Firenze, Andriato acumulou cinco triunfos em 2011. Um número expressivo já que o time italiano chegou ao primeiro lugar em dez oportunidades. Responsável por 50% das conquistas da equipe, ele se prepara para a disputa do seu primeiro Campeonato Mundial.

Ao lado de Gregory Panizo e Otavio Bulgarelli, Rafael irá compor o trio brasileiro na prova de Estrada. Na ausência de Murilo Fischer, o velocista chega com status de maior nome da seleção verde e amarela na competição. Um teste de fogo e ao mesmo tempo essencial, já que no próximo ano ele correrá pela Farnese-Vini.

Em entrevista ao Prólogo, Andriato fez uma análise de sua temporada pela Petroli Firenze, falou da expectativa e responsabilidade de correr o Mundial na Dinamarca e já projetou as possibilidades brasileiras no Pan.

Prólogo: Uma bela vitória em Arezzo, as vésperas do Mundial…
Rafael Andriato: Foi uma vitória inesquecível. Conquistamos uma vitória em equipe. Meus companheiros foram fundamentais para o triunfo e chegamos ao nosso objetivo, que eram dez vitórias no ano. Chegamos a nossa meta. Agora, o que vier é lucro.

P: O fato de ser uma de suas últimas provas pela Petroli Firenze, trouxe uma sensação especial?
R.A: Com toda certeza. Faço o Mundial no próximo domingo, depois corro mais duas provas na Itália e viajo para o Brasil. Minha última corrida será no Pan de Guadalajara. Esse ano foi muito especial. Me dei muito bem com todos da equipe e obtive resultados importantes. Foi um ano de afirmação. A região onde estou competindo é muito dura. Não tem facilidade alguma. Existem muitas subidas. Consegui melhorar bastante em terrenos montanhosos.

P: Pensando no futuro, isso será fundamental, já que defenderá a Farnese-Vini.
R.A: Sem dúvida. Estou ciente que a realidade é outra e o nível é mais elevado, mas as vitórias que conquistei neste ano, o nível das provas, me dão mais confiança para fazer meu trabalho.

P: E no Mundial? O que tem em mente?
R.A: Passa muita coisa, mas não será nada fácil. Serão 266km com o melhores do mundo. Mas será uma emoção e um prazer enorme estar em uma competição desse nível. Correr junto com Cavendish, Hushovd, Gilbert, Sagan, etc. Estou acostumado a distâncias mais curtas. A prova mais longa que disputei no ano tinha 200km, mas em média são entre 130km e 180km. Vamos largar com três ciclistas entre os melhores do mundo. Cada um tem que dar o seu melhor. Isso é o importante. Darmos o máximo.

P: E o peso da ausência do Murilo Fischer?
R.A: Foi uma pena. Com certeza, com a presença do Murilo teríamos uma outra situação de prova. Ele tinha chances reais de conquistar um grande resultado. Sem dúvida, se ele estivesse no Mundial, trabalharia para ele. Estava em um grande momento e foi uma pena o que houve na Vuelta.

P: Em outubro ocorre o Pan. Podemos sonhar mais alto?
R.A: Com certeza. Temos outra situação de corrida. Nossa ambição é por medalhas. Os Jogos Pan-Americanos terão muitos atletas profissionais competindo, mas, na minha opinião, essa seleção brasileira é a mais fortes dos últimos anos. Isso é um fator positivo e, como disse, temos condições de protagonizar um bom papel em Guadalajara.

P: Sua realidade é muito diferente daquela do Rio. Acredita que a pressão por resultados será maior?
R.A : Sempre tem a pressão. Ela sempre irá existir. Já estou acostumado com esse fator e hoje administro isso muito bem. No Pan do Rio, em 2007, tinha apenas 19 anos. Era o mais novo da seleção brasileira. Não foi fácil, mas foi uma grande experiência e torço para que façamos um bom papel no México.