Entre os melhores

Atualizado em 03 de março de 2009
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Por Cesar Candido dos Santos

2h06min05s, este foi o tempo exato que o brasileiro Ronaldo da Costa precisou para escrever seu nome na história do esporte. Com esta marca, o mineiro nascido na cidade de Descoberto venceu a Maratona de Berlim, em 1998, e tornou-se o quarto e último brasileiro a ser recordista mundial em uma prova de atletismo, equiparando-se a Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João do Pulo, todos do salto triplo.

A marca estabelecida por Ronaldinho nos 42 km da capital alemã está até hoje entre as dez melhores do mundo, mas há tempos seu feito foi esquecido por muitos brasileiros. Fora das pistas desde 2007, o campeão da São Silvestre e do Troféu Brasil atualmente participa de um projeto social na cidade de Betim, em Minas Gerais, de onde conversou com o O2 Por Minuto.

Por Cesar Candido dos Santos

O2 Por Minuto – Após encerrar a carreira como atleta profissional, você continuou trabalhando com atletismo?
Ronaldo da Costa –
Sempre estive envolvido com o atletismo. Estou quase um ano aqui na cidade de Betim, em Minas Gerais, fazendo um trabalho para a prefeitura. Temos um projeto social bem legal aqui para atendermos as crianças carentes. Já está tudo aprovado e devemos dar inicio em breve.

O2 Por Minuto – Você continuou correndo depois que se aposentou?
RC –
Sim, mas apenas para manter a qualidade de vida, sem qualquer importância com resultados. Minha única preocupação é não ficar gordo, pois já estou chegando aos 40 anos e preciso me cuidar.

O2 Por Minuto – E você ainda participa de provas de rua?
RC –
Faz tempo que não participo de nenhuma, mas este ano pretendo voltar a correr algumas provas em Belo Horizonte, apenas por lazer.

O2 Por Minuto – Você entrou para a história do esporte ao bater o recorde mundial na Maratona de Berlim. Seu feito ainda é reconhecido aqui no Brasil?
RC –
Na época tive muito reconhecimento, mas com o tempo isso foi caindo no esquecimento. Ainda tenho o respeito de alguns amigos e recebo o carinho de algumas pessoas na rua, mas o que me deixa mais chateado é que não existe nenhum reconhecimento por parte dos políticos. Tenho orgulho de ser brasileiro, mas acho que devíamos dar uma atenção maior aos nossos “heróis”.

O2 Por Minuto – Antes de vencer a Maratona de Berlim, passava pela sua cabeça que você poderia bater o recorde mundial?
RC –
Os africanos já procuravam esta marca há algum tempo. Fui para lá pensando na vitória e em bater o recorde brasileiro [que pertence a Ronaldo até hoje]. Estava preparado e dei sorte de estar em um bom dia, em que tudo deu certo.

O2 Por Minuto – A pressão que existiu após você bater o recorde mundial atrapalhou a sequência de sua carreira?
RC –
Não posso dizer que foi apenas a pressão que atrapalhou, existiu uma série de fatores. Eu já era um atleta experiente, já tinha vencido a São Silvestre e participado de inúmeras provas internacionais, estava pronto para superar a pressão. Mas não me preocupo mais com isso e nem fico pensando no passado, minha cabeça agora está aqui em Betim, onde estou prestes a iniciar um importante trabalho e espero colher bons frutos.

O2 Por Minuto – O que o atletismo representou na sua vida?
RC –
O atletismo foi muito importante para mim, se não fosse ele poderia ter seguido o caminho errado. Graças ao esporte pude conhecer outros países e aprender coisas que foram importantes para a minha formação como pessoa. Agora quero passar tudo o que sei para as crianças aqui em Betim, e mostrar a elas como o esporte é importante na formação de cidadãos.