Endometriose

Atualizado em 10 de março de 2020
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Por Maurício Belfante

Conhecida como a doença da mulher moderna, a endometriose vem crescendo de forma contínua durante os anos. Estima-se que 5% a 15% das mulheres em idades produtivas apresentem tendências ou já apresentam a doença que afeta o endométrio, tecido que reveste a parte interna do útero.

Tecido que dá origem à menstruação, o endométrio é o causador da endometriose, que pode aparecer repentinamente fora do útero, implantando-se em outros órgãos, como no ovário, no intestino e na bexiga, causando uma forte dor junto à menstruação.

Com sintomas que podem aparecer desde a primeira menstruação, a endometriose não é natural das mulheres muito jovens, aparecendo a partir dos 30 anos, idade correspondente ao auge da reprodutividade. Além disso, o fato de as mulheres menstruarem mais cedo e demorarem mais para ter filhos, aliado ainda ao estresse do dia-a-dia, tem como consequência uma maior probabilidade de desenvolver a doença.

Causas e características
Existem duas causas prováveis para a endometriose aparecer. A primeira delas consiste que, enquanto ocorre a menstruação, o tecido endometrial percorra um caminho inverso ao natural, passando assim pelas tubas uterinas e caindo na cavidade abdominal, atingindo alguns órgãos como a bexiga, o intestino e ovários.

“A segunda causa, acredita-se que algumas células da própria cavidade abdominal teriam a capacidade de se transformar em outros tecidos, como o endométrio, que é um tecido originado de dentro do útero. Desta forma, aparecendo fora do local adequado e gerando problemas”, explica Tathiana Parmigiano, ginecologista do esporte da Unifesp, e das seleções brasileiras de basquete e judô.

Entretanto, algumas mulheres podem ter uma predisposição genética para que a doença se desenvolva, por ter algum familiar que contenha a doença, ou por falha da sua própria imunidade.

Com essas causas, vários tipos de endometrioses podem ocorrer, separando-se em três espécies diferentes, classificadas por suas características principais. Sendo assim, existem as formas: superficial, ovariana e profunda, que são explicadas pela especialista.

Superficial:: “São lesões espalhadas no interior do abdômen podendo atingir órgãos como intestino, bexiga e ureter. Mesmo sendo superficiais, podem causar cólicas, alterações menstruais e infertilidade”.

Ovariana:: “A origem provável é de um implante superficial que atinge inicialmente a parte externa do ovário, mas que depois forma cistos em seu interior. Pode não dar sintomas e ser um achado em exames de rotina”.

Profunda:: “São lesões que acometem outros órgãos e se aprofundam em mais de 0,5cm. São as que dão mais queixas e mais limitam a qualidade de vida dessas mulheres”.

Dos sintomas ao tratamento
Na maioria das vezes, a endometriose desencadeia uma dor muito forte na mulher, o que pode ser determinante na hora do diagnóstico. Além de uma cólica muito mais forte que o habitual durante o ciclo menstrual, o sangramento na hora de urinar e evacuar e uma dor na hora da relação sexual também são um dos principais sintomas.

“Conhecida como ‘tríade clássica’, dismenorréia, dispareunia e infertilidade são os principais sintomas da endometriose, que pode ser detectada pelo ginecologista quando realizar o exame cirúrgico chamado vídeo-laparoscopia, único método para ter certeza da doença”, afirma Tathiana.

O tratamento da endometriose é baseado na diminuição de ciclos menstruais, já que a doença está totalmente associada a ela. Quando a doença ainda é superficial, o tratamento é feito pelos contraceptivos hormonais, como a pílula, o DIU ou o anel vaginal, inibindo assim a ação do ovário.

Já se a doença é profunda, outros procedimentos devem ser tomados. Se com o uso de medicamentos não for totalmente preciso, o tratamento cirúrgico é o mais indicado, já que irá remover os implantes endometriais que estejam fora do útero, acabando com as dores.

A ajuda da corrida
Reduzindo o estresse e aumentando a auto-estima, a corrida pode ser um dos principais passos para evitar a endometriose, já que também aumenta a imunidade corporal. Além desses benefícios, o esporte também pode contribuir de outra maneira.

“Atividades aeróbicas regulares estão relacionadas à produção de endorfinas, que são substâncias vasodilatadoras e analgésicas, capazes de inibir o eixo que regula a produção hormonal, diminuindo principalmente um hormônio chamado estrogênio que estimula o endométrio a se desenvolver”, explica Tathiana.