Em busca da vaga olímpica

Atualizado em 10 de agosto de 2007
Mais em

Por Daniel Balsa

Antes de começar os Jogos Pan-americanos, realizando em julho passado, no Rio de Janeiro, a convocação de Davi Romeo para a seleção brasileira de ciclismo de pista foi questionada, já que o treinador é Adir Romeo, seu pai. No final das contas, o ciclista obteve o melhor resultado do Brasil no moderno Velódromo da Barra, com a quarta posição no keirin, o que rendeu elogios do cubano Julio César Herrera, campeão mundial.

Em entrevista exclusiva ao Prólogo, Davi, de 20 anos, revela que não deve se mudar para o Rio de Janeiro para aproveitar a estrutura montada em decorrência dos Jogos Pan-americanos, já que está estabilizado em Curitiba – casou-se e sua filha, Kaillany, nasceu há quatro meses. “Quando tiver campeonato, viajo e treino por lá durante um mês”, disse.

A próxima meta do ciclista é ter um patrocinador para que ele conquiste a vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Para isso, ele pretende disputar três etapas da Copa do Mundo e garantir a vaga para o Mundial, marcado para março do ano que vem, na cidade inglesa de Manchester.

Confira abaixo o bate-papo de Davi Romeo com o Prólogo:

Prólogo: A sua quarta colocação no keirin foi o melhor resultado do Brasil no ciclismo de pista durante os Jogos Pan-americanos. O que achou do resultado?
Davi Romeo: Foi minha primeira vez em uma competição deste tipo. Falta ter mais base, mais ‘manha’ para este tipo de prova. Perto dos caras, eu, praticamente, nem sabia correr. Nós competimos duas ou três vezes por ano, enquanto eles participam de 20, 30 campeonatos por temporada, então o quarto lugar foi um bom resultado. O cubano, que é campeão mundial (Julio César Herrera), veio me elogiar, falar que tive um bom desempenho, que corri pra caramba… Então, não sou apenas o ‘filho do técnico’. Para chegar a um melhor resultado, precisamos de um maior apóio para treinarmos e buscarmos medalhas neste tipo de competição.

Prólogo: Antes do Pan, muito foi falado em torno de sua convocação, já que seu pai (Adir Romeo) é o treinador da seleção. Seu resultado foi uma resposta aos críticos?
DR: Isso saiu em vários lugares. Falavam que eu estava na seleção porque era o filho do técnico, mas não levo em conta. Estou treinando para chegar à seleção sempre que possível. Me preparo para estes objetivos, não porque sou o filho do treinador. Meu pai, por exemplo, já me cortou da seleção júnior (durante a preparação para o Pan-americano da categoria, em 2004). Se fui convocado, foi porque treinei e mereci.

Prólogo: No geral, como você classifica o desempenho do Brasil no ciclismo de pista dos Jogos Pan-americanos?
DR: O Brasil se preparou como se fosse buscar uma medalha, mas o dinheiro da Confederação (Brasileira de Ciclismo, CBC) para treinarmos só chegou 30 dias antes das provas, então não temos como nos comparar aos outros países, que se prepararam para este Pan desde o último, há quatro anos (realizado em Santo Domingo, 2003). Todos nós fizemos o nosso melhor na pista e nossos resultados, com relação à preparação dos outros países, é meio que um milagre. Com investimentos, nós podemos conquistar uma medalha, até de ouro, mas precisamos treinar durante os quatros anos para chegarmos bem ao outro Pan.

Prólogo: Há muitas informações de que o velódromo do Rio de Janeiro pode se tornar uma casa de show, já que a estrutura não seria auto-sustentável. O que você acha disso?
DR: Ouvi falar sobre isso também, mas sei que o velódromo já está nas mãos da Confederação e algumas competições vão acontecer por lá. Isso é muito bom para nós, pois é uma estrutura boa. Inclusive, parece que a própria prefeitura do Rio de Janeiro vai ajudar a manter o velódromo.

Prólogo: Você pensa em morar no Rio de Janeiro para utilizar esta estrutura para treinar?
DR: Morar lá, agora, fica difícil. Me casei recentemente, minha filha nasceu faz quatro meses e estou estável aqui em Curitiba. Se eu já tivesse dois ou três anos de casado, levaria minha família para lá, mas não este não é o panorama atual. Então, fica difícil. Quando houver competição, viajo e fico um mês treinando no Rio. Enquanto isso, treino aqui em Curitiba. A qualidade da pista é inferior, mas depois fica até mais fácil quando você chega para competir em algo superior. Mas, com certeza, este velódromo nos beneficia a treinar mais e na realização de mais competições.

Prólogo: E quais são suas metas agora? Buscar uma vaga na Olimpíada de Pequim, em 2008?
DR: Estou correndo atrás de patrocínio agora. Sei que conquistar algo deste tipo no ciclismo brasileiro é muito difícil, mas estou tentando. Por enquanto, estou só com o dinheiro do ‘paitrocínio’. Este ano ainda tem mais três etapas da Copa do Mundo, que dão vaga para o Mundial (que será realizado em março de 2008, na cidade inglesa de Manchester) e vou tentar disputar estas provas. Não o que eu tenho de fazer para conquistar a vaga olímpica, mas sei que tem que ter ‘algo mais’. Se não for para Pequim, vou tentar ir na outra (Londres-2012). O ideal seria ter um patrocinador agora, para poder fazer um planejamento de treinos até lá e entrar brigando com o caras.