Edivando fala sobre a modalidade olímpica do MTB

Atualizado em 09 de maio de 2008
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O medalhista pan-americano e colunista do ativo.com, Edivando Souza Cruz, fala um pouco sobre a história do Mountain Bike nas Olimpíadas e no Brasil.

A modalidade Olímpica do Mountain Bike

Como vocês já sabem o Mountain Bike estreou nas Olimpíadas de Atlanta em 1996, naquele momento a modalidade ganhou um novo reconhecimento perante o mundo, mas antes disso já demonstrava seu potencial nas provas de Copas do Mundo e Campeonatos Mundias. A bicicleta de montanha já erá usada por muitos e de várias formas, podemos dizer que muitos dos nossos avós e bisavós já faziam Mountain Bike, iam de cidade em cidade por estradas de terra, percorriam kms e kms, mas as bicicletas mudaram, e as competições surgiram e ganharam formas, como é o caso da modalidade Olímpica, o Cross Country.

O XC, como é conhecido, é uma prova de circuito, trilhas na mata, raízes, subidas duras, descidas técnicas fazem parte do cardápio do XC, por isso também exige um treinamento mais específico. Durante a competição, o atleta tem que trabalhar com a freqüência cardíaca muito alta e, ao mesmo tempo, trabalhar a mente para não errar nas freadas e trocas de marchas em curto espaço de tempo, e ainda se alimentar e hidratar em pontos estratégicos. Não é fácil, por isso exige muito treino até para o camarada beber água.

A modalidade no Brasil

O Campeonato Brasileiro de XC é o título mais cobiçado entre os pilotos, ser um campeão nacional é entrar para história. Temos a Copa Internacional que ganhou o coração de todos e também é um título muito desejado no currículo de vários atletas, e também é a única que conta pontos no Ranking da UCI, além do Brasileiro. Continuando em terras mineiras, a Copa Inconfidentes está se firmando e conta pontos no Ranking Nacional como também o Copa Sul Minas, Além das provas em outros estados no Nordeste e Centro-Oeste que tem valorizado a modalidade Olímpica, temos os Campeonatos Estaduais e outras provas promocionais na modalidade como o Campeonato Interestadual que é um dos mais tradicionais do país.

A importância das provas de XC

Jogos Olímpicos, Jogos Pan-americanos, Campeonatos Pan-americanos só existem na modalidade Cross Country, então, para que o Brasil tenha atletas em condições de disputar títulos nestes campeonatos é preciso ter boas provas nesta modalidade. Ao longo dos anos o Campeonato Brasileiro e Ranking têm sido a base para formar os times nas principais provas internacionais. Atualmente, os mineiros têm tido vantagem principalmente nas categorias de base, e 70% das seleções nos últimos Campeonatos Pan-americanos têm sido formadas por atletas do estado de Minas.

Costumo dizer que o Cross Country é a Fórmula 1 do Mountain Bike, temos um circuito, fazemos o reconhecimento, testamos os pneus, olhamos as curvas, ajustamos calibragem de suspensão, montamos as estratégias, etc. Na prova largamos todos juntos, alinhados conforme o Ranking, temos um determinado número de voltas, área de apoio técnico e alimentar. Durante a prova nos esforçamos para ganhar segundos a cada volta.

Outra coisa que acho muito legal é o contato entre torcida e atletas, o povo acompanha e vê de perto volta a volta a disputa e o que rola durante as voltas. Neste ano, em Araxá, na abertura da Copa Internacional me senti numa Copa do Mundo, o nível da prova estava ótimo e o público apareceu em peso para assistir a disputa e emocionou muitos durante a competição. Quero parabenizar também o Silveira e o Erivan pelo circuito montado na final do Campeonato Interestadual em Campos do Jordão, lembrou muito os circuitos Europeus, as trilhas eram técnicas e tinham uns trechos de estrada e subidas de tirar o fôlego, bem no estilo das principais provas no exterior.

Rumo a Pequim

Está todo mundo de olho, a hora está chegando, atletas de todos os cantos do mundo estarão se enfrentando. Por aqui a disputa pela vaga está rolando e, dentro do que comentei hoje, tenho certeza de que tendo boas provas teremos bons representantes lá fora.

Edivando de Souza Cruz (Astro/Vzan/Nossa Caixa/Giro/Shimano/Maxxis/Manitou/SDG/661/Amigosdabike.com.br/Fisk de Ilhabela/Easton), que assina esta coluna, é paulista de Ilhabela, onde reside, e pratica mountain bike desde 1993. Participou da Olimpíada de Atenas, conquistou medalha de prata nos jogos Pan-Americanos de San Domingos, em 2003; cinco vezes campeão brasileiro de MTB; campeão brasileiro de Cross Country e Maratona e campeão Pan-americano de Cross Country.