Dores reumáticas

Atualizado em 09 de julho de 2008
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Por Thays Biasetti

Quem sofre de doenças reumáticas tem um quadro de dor sem motivo aparente que persiste por muitos dias. Esse foi o caso do corredor José Lindolfo Ferraz Nogueira, 63 anos, que começou a sentir dores como se fosse uma inflamação no nervo ciático, mas descobriu que se tratava de uma artrose. “Procurei um reumatologista e já iniciei o tratamento. Como a doença estava no início, consegui voltar a correr em 15 dias e completei a Maratona de Curitiba”, lembrou.

O reumatismo é um termo genérico usado para doenças que acometem o aparelho ósseo-articular. Atualmente, existem mais de 500 doenças diagnosticadas como reumáticas, o que inclui desde artrose, doença degenerativa da cartilagem, até fibromialgia, que caracteriza-se por uma síndrome da amplificação dolorosa. “A causa da dor pode ser de fibromialgia, lombalgia ou doenças da coluna. Além disso, podem significar acúmulo de cristais como a gota, degeneração como a artrose, auto-imunes como artrite ou mesmo dores emocionais”, comentou a médica Evelin Goldenberg, doutora em reumatologia pela Unifesp.

O incômodo aparece geralmente nas articulações ou músculos, mas pode atingir também outros órgãos do corpo. “Doenças auto-imunes, como o lupus, podem causar dores no sistema gastro, por exemplo. Por isso, as dores devem ser investigadas”, explicou a médica.

Com o tempo frio, as dores reumáticas tendem a aumentar, gerando um incômodo maior. Acredita-se que o aumento da dor no inverno não aconteça apenas por motivos ambientais, mas também psicológicos. “Pode ser por causa da diferença atmosférica ou pelo simples fato das pessoas ficarem mais deprimidas no frio”, disse o médico Roberto. A tensão dos músculos também causa o agravamento do problema. “Nas temperaturas baixas, acontece uma contratura muscular, o que aumenta a dor”, explicou a doutora Evelin.

Dor rebelde com muitas causas
Cada doença reumática pode ser causada por diversos fatores e possui tratamento diferente. Mas, de maneira geral, existe uma pré-disposição genética e um fator desencadeante para o aparecimento da dor. Algumas pessoas podem passar a vida sem desenvolver a doença, mesmo que tenha o gene ou viva em meio propício para o aparecimento do problema. “A maioria das dores sentidas sem motivo aparente é considerada reumática e a pré-disposição genética não vem apenas do pai e da mãe, mas de toda a árvore genealógica. Isso quer dizer que os pais de um indivíduo podem não ter, mas isso não é garantia de que ele não vai desenvolvê-la”, comentou o reumatologista Roberto Heymann, coordenador do laboratório e assistente doutor da disciplina de reumatologia da Unifesp.

Existe tratamento?
O tratamento para as doenças inclui medicamentos específicos, fisioterapia, exercícios orientados e uso de equipamentos como palmilhas. No início, os exercícios fortes, como a corrida, são suspensos, pois o impacto pode piorar o problema. “No caso da artrite, por exemplo, o desgaste pode aumentar bastante”, comentou a médica. Mas o tratamento é eficaz, feito com remédios de última geração que tiram a dor e evitam uma deformação ou degeneração dos tecidos.

Lindolfo seguiu o tratamento corretamente e continuou com a prática da corrida. “Tomei por muitos anos o medicamento e nunca tive problema. Só comecei a ter dor no período que parei de tomar o remédio. Durante o tratamento, corria quase todos os dias”, disse o aposentado. “Os exercícios são extremamente importantes para a melhora do paciente, mas apenas deve-se fazê-los com acompanhamento”, disse o reumatologista Roberto.

Como as dores podem ser causadas por um número muito extenso de doenças, é imprescindível procurar ajuda especializada. “É necessário descobrir a causa da dor para que seja tratada corretamente. A automedicação não é indicada e pode mascarar o problema”, orientou a reumatologista Evelin. Qualquer dor que persista ou que seja muito forte é causa de preocupação. “Se a doença for descoberta no início, o tratamento é muito eficaz e a pessoa pode levar uma vida normal”, finalizou o médico Roberto.