Doping não, ciclismo sim! O mau exemplo de Passione

Atualizado em 24 de agosto de 2010
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Não tenho o habito de ver televisão, muito disso pelo fato da Internet prender mais minha atenção a cada dia. Também por trabalhar com o universo on-line, sempre acabo perdendo a noção do tempo navegando pelas ondas da world wide web.

Entretanto, a novela Passione prendeu minha atenção. Não sei exatamente porque, mas fiquei curioso ao saber que os “globais” iriam representar ciclistas e que até pegaram dicas com atletas profissionais, como nosso Luciano Pagliarini.

Eu tinha também a expectativa de que a Rede Globo, por meio de sua novela em horário de maior audiência, pudesse de alguma forma retratar um pouco deste esporte e, por consequência, isso serviria de bom exemplo para futuros apaixonados pelas bikes. Vi isso como uma ótima oportunidade de divulgar a modalidade.

A novela é boa e está tendo grande repercussão, contudo, decepcionei-me com a historinha dos ciclistas, cujo enredo optou por mostrar tudo o que um esportista não deve fazer. E isso ajuda a denegrir ainda mais a imagem de um esporte que já sofreu bastante recentemente com escândalos internacionais, por conta de doping em atletas de elite.

O personagem vivido por Cauã Raymond não é o que podemos dizer de atleta-exemplo, além de estar envolvido com doping e drogas, não o vi terminar um treino sequer! Ótimo exemplo, não?

O Brasil será sede nos próximos anos de dois dos maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, da qual o Ciclismo faz parte. A hora é de ampliar a cultura esportiva dos brasileiros para além do futebol, divulgando modalidades ainda pouco praticadas e inspirando novos talentos, sempre por meio de bons exemplos, que temos de sobra.

Penso que poderiam ter usado essa deixa para levantar o esporte e seus valores e, com a força do apelo popular que a novela tem, quem sabe plantar uma sementinha para essa juventude tão carente de boas referências. Imaginem uma entrevista, daqui a alguns anos, de um jovem ciclista que acabou de ganhar uma medalha olímpica dizendo que começou a pedalar porque viu um dia em uma novela…

Fica aqui minha torcida para que o talentoso autor reveja o enredo de forma que possamos assistir a uma transformação positiva no personagem, e que o esporte seja mostrado como merece: educando, disciplinando, emocionando e servindo de exemplo a ser seguido.

Caso contrário, vamos ter que nos contentar com as cenas do Velódromo, construído com madeira importada da Sibéria para o Pan-americano do Rio e que, diga-se de passagem, está ocioso e abandonado.