Desabafo do campeão

Atualizado em 01 de junho de 2007
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Por Bruno Romano

Oscar Galindez venceu o Ironman Brasil Telecom 2007 com oito minutos de diferença para o segundo colocado. Com a primeira posição, Galindez confirmaria sua vaga para o Mundial do Havaí em outubro. Mas seu atraso na cerimônia que define oficialmente os atletas que irão para Kona, custou-lhe a vaga. Caso semelhante ocorreu com Nina Kraft, vencedora no feminino.

Depois de muita discussão e alarde sobre o caso, a reportagem do Prólogo falou com as partes envolvidas e esclarece a questão.

Inicialmente receoso, Galindez, que foi convidado pela organização, diz que cada um tem sua verdade. A dele é: “Eu sou profissional e acho tudo isso um absurdo”. O triatleta argentino acredita que a decisão foi unilateral e achou estranho que a organização não tenha entrado em contato com os campeões profissionais, sabendo que estavam interessados na vaga.

Sobre o atraso na cerimônia, Galindez explica: “Como já tinha acabado a prova, dava satisfação para as pessoas. Fui abordado por muita gente e perdi tempo ali. Dei autógrafos e tirei fotos. É algo que faço com prazer”.

Preparando as malas para uma viagem para os Estados Unidos, onde vai tirar fotos para uma campanha da Reebok, Galindez assume parte da culpa, mas acha “que muitas coisas têm de ser corrigidas”. Ele relata uma falta de concordância em algumas regras como o manuseio do “special needs” – sacola individual do atleta – e diz ter visto irregularidades em provas de ironman, inclusive em Kona, como uso de capacetes não permitidos. “Por que nós [triatletas profissionais] não vamos brigar para mudar isso? Está errado”, acrescenta.

O diretor geral da prova, Carlos Galvão, da Latin Sports, lamenta o ocorrido, mas afirma que, por causa da regra, a decisão tomada foi correta. Segundo ele, o atraso de Galindez foi de 22 minutos e a organização não tem como monitorar os mais de mil inscritos para saber se eles querem ou não a vaga.

“A pessoa tem de estar presente e a regra é a mesma em todo o mundo, tanto no amador quanto no profissional”, explica. Galvão ainda recebeu o apoio do presidente da World Triathlon Corportion (WTC), responsável pelas provas de ironman e 70.3, que considerou o procedimento correto.

Ele ressalta que há um trabalho sério envolvido na organização de uma prova deste porte e que a Latin Sports bateu o pé e não voltará atrás na decisão. “Se a WTC decidir convidar Galindez é uma outra história. Acho que o profissional tem que dar o exemplo, acordar cedo e chegar na hora como combinado.”

Galindez, portanto, terá que conquistar a vaga para Kona em outra disputa de ironman, ou ser convidado pela organização. Um dos maiores expoentes do triathlon na América do Sul diz ainda ser cedo para pensar na sua estratégia, mas já garante presença na próxima prova 70.3 do circuito mundial, que será disputada na Califórnia no dia 10 junho – há menos de 15 dias do ironman Brasil.

Como chegar em Kona
No Brasil, o Ironman Brasil Telecom é a única prova classificatória para o mundial de ironman, que este ano acontecerá dia 13 de outubro em Kona, no Havaí.

No dia seguinte da prova, os atletas têm que se apresentar em uma cerimônia de confirmação de vaga para dizer se aceitam ou não. Além disso, é preciso pagar no ato o valor de inscrição: cerca de 400 dólares em dinheiro.

Cada categoria tem um número de vagas pré-determinado, que serão preenchidas de acordo com o pagamento e aceitação dos “finishers”. O procedimento, feito em todas as provas oficiais, é o seguinte: os triatletas são chamados por ordem de chegada e respondem se querem ou não ir para Kona. Caso queiram, realizam o pagamento e confirmam sua inscrição. Caso contrário – se não aceitam ou não têm dinheiro – a vaga passa automaticamente para o próximo atleta, de acordo com a tabela de classificação.

A World Triathlon Corportion (WTC) é responsável pelas provas de ironman e meio ironman (70.3) no mundo. No site da organização (www.ironman.com) podem ser vistas todas as etapas mundiais por ordem cronológica.