De volta pra casa

Atualizado em 31 de outubro de 2011
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Por Tadeu Matsunaga

O retorno ao Brasil está quase certo. Pelo menos é o que deu a entender o ciclista Otavio Bulgarelli, de 27 anos. Com contrato com a equipe ProContinental Farnese Vini até 31 de dezembro, o ciclista mineiro não deve renovar seu vínculo com os italianos para a temporada 2012.

Em entrevista ao Prólogo, Bulgarelli, que após defender a seleção brasileira no Mundial da Dinamarca entrou de férias, admitiu que dificilmente permanecerá no continente europeu no próximo ano. Com sondagens de muitas equipes nacionais, a tendência é que defenda as cores de um time de primeiro escalão em solo brasileiro.

O objetivo, de acordo com ele, é simples: voltar a sonhar com vitórias e ter mais preponderância dentro do plantel da sua provável e nova esquadra – algo longe da sua perspectiva no ano, onde foi um dos gregários da Farnese-Vini no ProTour.

Prólogo: Já está de férias. Tem definido seu futuro?
Otavio Bulgarelli : Planos são muitos, mas não tenho nada definido. Semana retrasada estive acompanhando a Volta de São Paulo e conversei com alguns dirigentes. Posso afirmar que recebi alguns convites e boas propostas para voltar a correr no Brasil, mas nada de concreto. Como na Farnese eu continuaria na mesma posição, ou seja, gregário, acabei pensando nessa idéia e tive um bom retorno. Fiquei satisfeito com algumas conversas e vou aguardar. Tomara que até o dia 10 tudo esteja definido.

P: Sua permanência na Europa já é descartada?
O.B: Fiz uma contraproposta referente às ofertas vindas daqui (Brasil). Caso aceitem, é muito difícil que eu volte. Não estou disposto a permanecer na Europa se continuar com pouco reconhecimento.

P: Está infeliz na Farnese?
O.B: No inicio estava muito feliz. Cheguei empolgado e disposto. Pensei que cresceria dentro do time e seria reconhecido. Mas não foi isso o que aconteceu ao longo do ano, infelizmente. Isso foi um fator influente.

P: A chegada do Andriato não pode se tornar um alicerce?
O.B: A chegada dele será muito boa – para ele e para a equipe. É um novo momento na carreira dele. Um passo a mais. Seria interessante dois brasileiros na mesma equipe lá fora, mas para continuar do jeito que está prefiro voltar ao Brasil e ter a oportunidade de me tornar líder de uma equipe e voltar a ganhar corridas.

P: Não vê esse retorno como um retrocesso na carreira?
O.B: Um pouco, mas tenho que ser realista, não posso viver de sonho. É claro que o sonho maior de correr um Tour de France ou um Giro d´Italia vai ficar muito mais longe, mas tenho certeza que serei mais feliz se voltar a ganhar corridas e ter um reconhecimento maior dentro da equipe. O ciclismo nacional tem crescido. Aposto muito no Tour do Rio, que futuramente pode virar 2.1 e ser uma volta do nível do Tour de San Luis. Teremos os Jogos Olímpicos aqui, em 2016. Acredito muito em um crescimento no esporte brasileiro nos próximos anos.

P: Conseguiu tirar muitas lições dessa passagem na carreira?
O.B: Sem dúvida. Foram dois anos na Itália ( passou pela diletante MGKvis em 2010). Não me arrependo de nada. Recusei uma proposta da Scott São José dos Campos (equipe ProContinental na época) para alcançar o sonho de correr no ciclismo europeu. Fui atrás do que queria. Ganhava pouco e tinha os custos com aluguel, transporte. Não foi fácil, mas foi um período importante na minha vida.

P: Esse ano não compete mais nem no Brasil em provas amadoras?
O.B: Acredito que não. Estou fazendo treinos leves, mas não planejo nenhuma competição. Tinha combinado com meu técnico que após o Mundial da Dinamarca entraria de férias. E meu foco, no momento, é manter a forma e definir meu futuro. É um assunto complicado e desgastante.

P: O que achou do desempenho do Brasil no Pan?
O.B: É sempre muito difícil opinar. É mais fácil para quem está de fora opinar, mas, pelo lado torcedor, fiquei decepcionado. Criou-se uma expectativa em torno da seleção brasileira, principalmente no Murilo Fischer. Não sei o que aconteceu com ele. Como disse, estou de fora e é difícil opinar. Mas ficou uma pontinha de frustração. Ao menos uma medalha, como no Pan de 2007 com o Luciano Pagliarini, poderia ter vindo. Foi uma pena.