Corrida no Picadeiro

Atualizado em 18 de setembro de 2007
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Por Andréia Meneguete

Subir em um tecido, equilibrar-se em uma corda, dar cambalhotas e piruetas parece coisa de criança. Mas não é. Cada vez mais, as escolas de artes circenses são procuradas por adultos em busca de melhor forma física. E para os corredores, os exercícios no picadeiro podem ser grandes aliados na melhora da performance nos treinos e competições.

Segundo Marcelo Archeboim, ortopedista especializado em traumatologia esportiva pela Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, o circo tem como base exercícios que exigem a melhora do equilíbrio corporal do atleta, o que aperfeiçoa a musculatura dos quadris e das pernas, proporcionando maior resistência e velocidade durante a corrida.

Já o ortopedista e traumatologista da USP e médico da Confederação Brasileira de Futebol de Salão, André Pedrinelli, explica que “optar pela aula de circo é diversificar o treino, o que contribui para melhorar a técnica da corrida, possibilitando o movimento harmônico do corpo e evitando o desgaste físico e muscular”.

“A aula circense é uma ótima atividade auxiliar à corrida, pois permite coordenação e precisão dos movimentos por meio do equilíbrio, gerando velocidade durante as passadas”, explica Archeboim. Além disso, ao trabalhar os membros superiores durante as acrobacias, o corredor compensa a força com as partes inferiores do corpo, evitando lesões, distensões e desgastes musculares.

Logo no início de uma aula circense, o aluno se vê diante de uma sessão intensa de alongamento, que dura cerca de 30 minutos. Braços, pernas, ombros, costas e abdômem são exercitados nos movimentos acrobáticos. “O aquecimento e o alongamento antes da aula de circo fortalecem os músculos e as articulações, reduzindo as chances de os corredores terem tendinites crônicas, mais comuns na região dos joelhos e do calcanhar, além da sobrecarga óssea, que favorece as fraturas por estresse”, explica Rogério Teixeira da Silva, or­topedista e traumatologista pela Unifesp e médico do Núcleo de Estudos em Esportes e Ortopedia, em parceria com o Hospital São Luiz.

Exercícios completos
O fortalecimento muscular, como um comple­mento à musculação – que não pode ser deixa­da de lado – é o maior benefício que a aula de circo traz para quem corre. Luciana Menin, 33, é artista circense há 12 anos, mas corre há 15. E, hoje, os exercícios se inverteram, pois ela vai às pis­tas para executar melhor os movimentos do circo. “A corrida é um exercício mais aeróbico do que o circo. Isso comple­menta o meu desempenho por aumentar a resistência. Além de correr melhor, aguen­to mais nos números circenses, sem perder a qualidade”.

Colaboraram Marina Oliveira e Marina Gomes