Corrida e o ciclo menstrual

Atualizado em 30 de agosto de 2011
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Mesmo sabendo que a corrida é uma atividade física que proporciona diversos benefícios à saúde, existe uma dúvida comum entre as corredoras, sobre praticar ou não o esporte no período mais crítico do ciclo menstrual. Na verdade, isso é uma escolha de cada atleta e, para tomar essa decisão, é ideal saber como o corpo se adapta aos treinamentos durante cada fase.

O ciclo menstrual, geralmente, dura 28 dias e é composto por três fases: folicular, luteiníca e ovulatória. A fase luteiníca inicia-se após a ovulação, por volta do 15º dia do ciclo, e vai até o dia da menstruação. Nesse período, o nível de estrogênio cai e o de progesterona aumenta, encerrando o período fértil e promovendo alterações no corpo que dão origem a Tensão Pré-menstrual (TPM) – que dura alguns dias até a menstruação.

Nesse momento, é comum a corredora não ter muita disposição para treinar, por causa dos sintomas da TPM, como enxaqueca, irritabilidade, retenção de líquido, prisão de ventre, entre outros. Quando a chega a menstruação, a mulher pode ficar mais sensível e mais influenciada por alguns desconfortos causados pelas cólicas abdominais, cansaço e inchaço, por exemplo. Por isso, o rendimento físico pode diminuir.

“Embora muitas atletas sintam um desconforto maior durante os dias mais críticos do ciclo e sentem uma queda no rendimento, nem sempre é preciso deixar de treinar por conta disso”, explica a treinadora Alessandra Othechar, diretora técnica da Ação Total Assessoria Esportiva. Portanto, uma solução para não abandonar os exercícios é escolher algo mais tranquilo e relaxante, como uma caminhada ou uma sessão de alongamento.

O período folicular, que vai do início da menstruação até a nova ovulação, é o processo de crescimento do folículo do ovário, durando de 12 a 14 dias. Essa fase é caracterizada pelo aumento gradativo do bem-estar e disposição para as atividades físicas, pois há uma diminuição da retenção de líquido e maior consumo de oxigênio. Portanto, o momento após a menstruação é o melhor para a atleta garantir um bom desempenho na corrida.

Já a fase ovulatória – que dura cerca de 16 a 32 horas – começa a partir da ovulação e marca o início do período fértil. Nesse momento, o óvulo pode ser fecundado, mas, se isso não acontecer, ele continua seu percurso, normalmente, sem gerar grandes problemas no ciclo. Portanto, a corredora continua numa boa fase para praticar a atividade, podendo até aumentar certas cargas, de acordo com a orientação necessária de um profissional.

Solucionando o problema!
A prática regular de uma atividade física como a corrida proporciona à atleta inúmeros benefícios. Existem alguns estudos que relatam que o exercício físico minimiza alguns desconfortos e também o estresse causado pela tensão pré-menstrual. “Em alguns casos, a prática da corrida melhora esses sintomas devido ao aumento da serotonina, um neurotransmissor que diminui a dor”, explica a Maita Poli de Araújo, médica coordenadora do Setor de Ginecologia do Esporte da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.

É importante lembrar, porém, que nem todas as corredoras sofrem de TPM ou sentem algum desconforto em treinar nesse período. Apesar de as alterações sofridas no ciclo menstrual, que podem interferir muito na saúde e no bem-estar, há mulheres que não notam diferenças tão bruscas, suficientes para as impedir de correr. “Respeitar a individualidade de cada mulher é primordial nesse contexto. Por esse motivo, os treinadores devem estar atentos para adequar os exercícios às fases do ciclo menstrual de cada atleta, bem como indicar a procura para o auxílio de um médico, para amenizar os sintomas da fase pré-menstrual (TPM)”, indica Alessandra.

Para as corredoras que sofrem esses desconfortos, o ideal é ajustar o programa de treinamentos com o período da TPM, ou deixar para fazer uma atividade mais leve “naqueles dias”. Porém, se o incômodo for muito grande, deixe de correr e procure um médico.