Corrida ao extremo

Atualizado em 03 de junho de 2011
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Por Daniela Guardão

Estar atento à quantidade de umidade relativa do ar nada mais é que saber qual o nível de vapor d’agua presente no ar atmosférico. Para se ter uma ideia,
quando dizemos que a umidade relativa do ar é de 70% significa que faltam 30% para o ar reter todo o vapor d’agua e começar a chover. Importante variável metereológica, a umidade ideal para correr fica entre 50% e 60%.

O ar seco pode ressecar as extremidades, rachar os lábios e dificultar a respiração, principalmente daqueles que têm doenças respiratórias. “A transpiração é maior em casos de temperatura alta e baixa umidade do ar, levando o corredor ao risco de desidratação. Nesse caso, deve-se repor a água e os sais minerais perdidos, ingerindo isotônicos ou água”, explica o fisiologista Cláudio Pavanelli. A hidratação é feita em quantidade moderada e constante antes, durante e após a corrida. Além disso, roupas leves são fundamentais para facilitar a regulagem da temperatura corporal.

Em algumas regiões do País, como o Centro-Oeste, os níveis são muitos baixos e os treinadores tomam precauções para evitar o desgaste excessivo dos atletas. “Aqui a umidade chega a 15%”, diz Bruno Ferreira dos Anjos, diretor técnico da assessoria esportiva Just Run, de Brasília. “Geralmente, modificamos as planilhas e horários de treinos de acordo com a época do ano. Em períodos de umidade mais baixa, os treinamentos ficam mais leves e são realizados mais cedo ou no fim de tarde.”

Já quando a umidade do ar é outro extremo, ou seja, muito alta, o efeito é contrário. “A transpiração é prejudicada e ocorre a probabilidade de hipertermia, que é a temperatura corporal muito elevada. Nesse caso, existe uma dificuldade de evaporação do suor e o atleta corre o risco de um ‘superaquecimento’ do corpo”, explica Pavanelli. Em casos de umidade relativa do ar muito elevada, os cuidados são os mesmos: roupas adequadas, uma boa hidratação e, também, horários de treinamento ideais. Na região Nordeste, Salvador chegou a ser comparada a uma “sauna a vapor no verão” pelo diretor
técnico da ATP Run, Henrique Marinho. “Quando a umidade é muita alta, fazemos algumas recomendações aos atletas. Muitos acham que devem jogar água no corpo, mas muito pelo contrário, porque isso não ajuda na evaporação do suor. É importante utilizar uma camiseta de tecido tecnológico, dessas que absorvem menos líquidos, e os horários de sol forte devem ser evitados”, afirma Marinho, que costuma agendar os treinamentos para as 5h30 no verão e nas outras estações do ano uma hora e meia mais tarde.

Uma boa hidratação é fundamental, e, no caso de cidades com alta concentração de vapor d’água no ar atmosférico, os atletas devem saber a hora certa de tomar água e isotônicos. “Quando o olho arde e a pele fica viscosa, é hora de hidratar”, explica Walter Tuche, diretor da assessoria esportiva de mesmo nome. Fique atento à temperatura e à umidade do ar. E o mais importante: não exagere nas doses de treinos, principalmente em níveis extremos.