<font face= Sempre se ouve falar que atleta sofre. De certo ponto de vista isso realmente é verdade. O atleta sofre com o treinamento, com as competições, com o ambiente competitivo... mas ele gosta disso, seja ele profissional ou não. O que não pode ocorrer é sofrimento devido a fatores que podemos controlar.

No ciclismo, um destes fatores é justamente a bicicleta, seus ajustes e suas características. Nosso corpo trabalha em equilíbrio, de forma que em condições normais de saúde, uma determinada quantidade de energia será gasta para o desenvolvimento de uma tarefa, ou seja, para se fazer uma atividade estaremos sempre consumindo energia. Dessa óbvia relação é obtida uma importante variável para o treinamento, chamada de eficiência ou ainda economia de movimento, a relação entre o que é consumido e o que é produzido. Vamos utilizar o termo eficiência.

Quando andamos de bicicleta, consumimos certa quantidade de energia não somente para a propulsão, mas também para manter a postura e o equilíbrio, o que no caso do ciclismo competitivo é ainda maior, devido à intensidade do esforço realizado (atletas de ciclismo contra-relógio chegam a pedalar durante 60 minutos próximos a 90% de sua capacidade máxima, o que se torna mais espantoso no ciclismo montain-bike cross-country, onde registramos intensidades acima do limiar anaeróbico por mais de uma hora de competição).

Mas voltando ao tema principal, é comum observarmos ciclistas que pedalam em bicicletas desajustadas, de tamanho inadequado às suas características corporais, e com isso prejudicam seu desempenho. Em um estudo que iniciamos no ano passado, avaliamos o posicionamento na bicicleta gratuitamente.

A avaliação é feita de maneira prática e objetiva. Utilizando algumas réguas, goniômetros e câmera fotográfica, detectamos que ciclistas recreacionais, ou seja, aqueles que usam a bicicleta para passeio ou para ir trabalhar são os mais prejudicados por descuidos no ajuste da bicicleta. Na grande maioria dos ciclistas recreacionais que avaliamos foram detectados erros no ajuste da bicicleta, sendo o maior problema o ajuste do selim e guidom.

Nos ciclistas competidores também foram observados erros, no entanto, esses erros eram bem mais sutis, ou seja, eram pequenos detalhes, mas que também podem afetar o desempenho. A grande diferença entre os dois grupos que temos avaliado (ciclistas recreacionais e ciclistas competitivos) parece ser o tempo de exercício.

Nossa hipótese para explicar esses resultados é que, além da falta de orientação, os ciclistas recreacionais usam a bicicletas durantes pequenos intervalos de tempo, enquanto que ciclistas competidores pedalam até mesmo oito horas por dia. Usando por pouco tempo a bicicleta, os desconfortos e dores são negligenciados, pois quando ocorrem a bicicleta já está sendo deixada de lado.

Mas onde é que entra a eficiência neste assunto?

A eficiência é uma característica fisiológica, mas extremamente dependente de fatores biomecânicos, como o ajuste corporal na bicicleta. Quando a bicicleta está bem ajustada, o aproveitamento da força muscular tende a ser maximizado, justamente pelo fato de que uma maior coordenação de movimentos será possível. De maneira simplista, poderíamos dizer que quando o ciclista está confortável na bicicleta, ele vai possibilitar aos músculos trabalhar em harmonia, de modo que cada grupo de músculos irá atuar prioritariamente em cada fase da pedalada.

Com uma maior coordenação muscular pode-se aproveitar melhor a força gerada e com isso produzir mais trabalho, minimizando inclusive a fadiga, pois o gasto energético tende a ser menor. Por isso existe a técnica no esporte, ou seja, a melhor forma de executar um gesto. Imagine um ciclista que pedala sempre posicionando o pé em flexão plantar, exigindo sempre que os músculos da panturrilha estejam atuando. Isto ocorre, por exemplo, quando o selim é alto demais (veja nossa matéria anterior) e vai acarretar um gasto energético desnecessário.

Ou seja, o conforto é fundamental no ciclismo, pois além de possibilitar sessões mais longas de exercício vai influenciar também a eficiência da pedalada, provendo melhores resultados.]
"/>Foto:  Sempre se ouve falar que atleta sofre. De certo ponto de vista isso realmente é verdade. O atleta sofre com o treinamento, com as competições, com o ambiente competitivo... mas ele gosta disso, seja ele profissional ou não. O que não pode ocorrer é sofrimento devido a fatores que podemos controlar.

No ciclismo, um destes fatores é justamente a bicicleta, seus ajustes e suas características. Nosso corpo trabalha em equilíbrio, de forma que em condições normais de saúde, uma determinada quantidade de energia será gasta para o desenvolvimento de uma tarefa, ou seja, para se fazer uma atividade estaremos sempre consumindo energia. Dessa óbvia relação é obtida uma importante variável para o treinamento, chamada de eficiência ou ainda economia de movimento, a relação entre o que é consumido e o que é produzido. Vamos utilizar o termo eficiência.

Quando andamos de bicicleta, consumimos certa quantidade de energia não somente para a propulsão, mas também para manter a postura e o equilíbrio, o que no caso do ciclismo competitivo é ainda maior, devido à intensidade do esforço realizado (atletas de ciclismo contra-relógio chegam a pedalar durante 60 minutos próximos a 90% de sua capacidade máxima, o que se torna mais espantoso no ciclismo montain-bike cross-country, onde registramos intensidades acima do limiar anaeróbico por mais de uma hora de competição).

Mas voltando ao tema principal, é comum observarmos ciclistas que pedalam em bicicletas desajustadas, de tamanho inadequado às suas características corporais, e com isso prejudicam seu desempenho. Em um estudo que iniciamos no ano passado, avaliamos o posicionamento na bicicleta gratuitamente.

A avaliação é feita de maneira prática e objetiva. Utilizando algumas réguas, goniômetros e câmera fotográfica, detectamos que ciclistas recreacionais, ou seja, aqueles que usam a bicicleta para passeio ou para ir trabalhar são os mais prejudicados por descuidos no ajuste da bicicleta. Na grande maioria dos ciclistas recreacionais que avaliamos foram detectados erros no ajuste da bicicleta, sendo o maior problema o ajuste do selim e guidom.

Nos ciclistas competidores também foram observados erros, no entanto, esses erros eram bem mais sutis, ou seja, eram pequenos detalhes, mas que também podem afetar o desempenho. A grande diferença entre os dois grupos que temos avaliado (ciclistas recreacionais e ciclistas competitivos) parece ser o tempo de exercício.

Nossa hipótese para explicar esses resultados é que, além da falta de orientação, os ciclistas recreacionais usam a bicicletas durantes pequenos intervalos de tempo, enquanto que ciclistas competidores pedalam até mesmo oito horas por dia. Usando por pouco tempo a bicicleta, os desconfortos e dores são negligenciados, pois quando ocorrem a bicicleta já está sendo deixada de lado.

Mas onde é que entra a eficiência neste assunto?

A eficiência é uma característica fisiológica, mas extremamente dependente de fatores biomecânicos, como o ajuste corporal na bicicleta. Quando a bicicleta está bem ajustada, o aproveitamento da força muscular tende a ser maximizado, justamente pelo fato de que uma maior coordenação de movimentos será possível. De maneira simplista, poderíamos dizer que quando o ciclista está confortável na bicicleta, ele vai possibilitar aos músculos trabalhar em harmonia, de modo que cada grupo de músculos irá atuar prioritariamente em cada fase da pedalada.

Com uma maior coordenação muscular pode-se aproveitar melhor a força gerada e com isso produzir mais trabalho, minimizando inclusive a fadiga, pois o gasto energético tende a ser menor. Por isso existe a técnica no esporte, ou seja, a melhor forma de executar um gesto. Imagine um ciclista que pedala sempre posicionando o pé em flexão plantar, exigindo sempre que os músculos da panturrilha estejam atuando. Isto ocorre, por exemplo, quando o selim é alto demais (veja nossa matéria anterior) e vai acarretar um gasto energético desnecessário.

Ou seja, o conforto é fundamental no ciclismo, pois além de possibilitar sessões mais longas de exercício vai influenciar também a eficiência da pedalada, provendo melhores resultados.]

Conforto x eficiência na bicicleta

Atualizado em 22 de março de 2008
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 Sempre se ouve falar que atleta sofre. De certo ponto de vista isso realmente é verdade. O atleta sofre com o treinamento, com as competições, com o ambiente competitivo… mas ele gosta disso, seja ele profissional ou não. O que não pode ocorrer é sofrimento devido a fatores que podemos controlar.

No ciclismo, um destes fatores é justamente a bicicleta, seus ajustes e suas características. Nosso corpo trabalha em equilíbrio, de forma que em condições normais de saúde, uma determinada quantidade de energia será gasta para o desenvolvimento de uma tarefa, ou seja, para se fazer uma atividade estaremos sempre consumindo energia. Dessa óbvia relação é obtida uma importante variável para o treinamento, chamada de eficiência ou ainda economia de movimento, a relação entre o que é consumido e o que é produzido. Vamos utilizar o termo eficiência.

Quando andamos de bicicleta, consumimos certa quantidade de energia não somente para a propulsão, mas também para manter a postura e o equilíbrio, o que no caso do ciclismo competitivo é ainda maior, devido à intensidade do esforço realizado (atletas de ciclismo contra-relógio chegam a pedalar durante 60 minutos próximos a 90% de sua capacidade máxima, o que se torna mais espantoso no ciclismo montain-bike cross-country, onde registramos intensidades acima do limiar anaeróbico por mais de uma hora de competição).

Mas voltando ao tema principal, é comum observarmos ciclistas que pedalam em bicicletas desajustadas, de tamanho inadequado às suas características corporais, e com isso prejudicam seu desempenho. Em um estudo que iniciamos no ano passado, avaliamos o posicionamento na bicicleta gratuitamente.

A avaliação é feita de maneira prática e objetiva. Utilizando algumas réguas, goniômetros e câmera fotográfica, detectamos que ciclistas recreacionais, ou seja, aqueles que usam a bicicleta para passeio ou para ir trabalhar são os mais prejudicados por descuidos no ajuste da bicicleta. Na grande maioria dos ciclistas recreacionais que avaliamos foram detectados erros no ajuste da bicicleta, sendo o maior problema o ajuste do selim e guidom.

Nos ciclistas competidores também foram observados erros, no entanto, esses erros eram bem mais sutis, ou seja, eram pequenos detalhes, mas que também podem afetar o desempenho. A grande diferença entre os dois grupos que temos avaliado (ciclistas recreacionais e ciclistas competitivos) parece ser o tempo de exercício.

Nossa hipótese para explicar esses resultados é que, além da falta de orientação, os ciclistas recreacionais usam a bicicletas durantes pequenos intervalos de tempo, enquanto que ciclistas competidores pedalam até mesmo oito horas por dia. Usando por pouco tempo a bicicleta, os desconfortos e dores são negligenciados, pois quando ocorrem a bicicleta já está sendo deixada de lado.

Mas onde é que entra a eficiência neste assunto?

A eficiência é uma característica fisiológica, mas extremamente dependente de fatores biomecânicos, como o ajuste corporal na bicicleta. Quando a bicicleta está bem ajustada, o aproveitamento da força muscular tende a ser maximizado, justamente pelo fato de que uma maior coordenação de movimentos será possível. De maneira simplista, poderíamos dizer que quando o ciclista está confortável na bicicleta, ele vai possibilitar aos músculos trabalhar em harmonia, de modo que cada grupo de músculos irá atuar prioritariamente em cada fase da pedalada.

Com uma maior coordenação muscular pode-se aproveitar melhor a força gerada e com isso produzir mais trabalho, minimizando inclusive a fadiga, pois o gasto energético tende a ser menor. Por isso existe a técnica no esporte, ou seja, a melhor forma de executar um gesto. Imagine um ciclista que pedala sempre posicionando o pé em flexão plantar, exigindo sempre que os músculos da panturrilha estejam atuando. Isto ocorre, por exemplo, quando o selim é alto demais (veja nossa matéria anterior) e vai acarretar um gasto energético desnecessário.

Ou seja, o conforto é fundamental no ciclismo, pois além de possibilitar sessões mais longas de exercício vai influenciar também a eficiência da pedalada, provendo melhores resultados.]