Confissões de Contador

Atualizado em 04 de outubro de 2011
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Por Fernando Bittencourt

Alberto Contador (Saxo Bank) disse nesta terça-feira (4) que sua carreira sempre foi estressante, afirmando que as dificuldades sempre estiveram presentes na vida profissional de sucesso do ciclista. Ele praticamente não teve um ano tranquilo, sem passar por nenhum tipo de problema.

“Quando olho para trás, me dou conta de que sempre passei por diversas dificuldades e que toda a minha trajetória profissional tem sido bastante estressante até então. Eu tive um aneurisma cerebral, sofri um acidente no ano de 2004. Isto sem contar todo o longo caminho percorrido para recuperar a forma física”, desabafou o tricampeão do Tour de France.

“Minha primeira equipe, a Liberty Seguros, teve problemas com o caso da Operação Puerto em 2006. Também não pude disputar o Tour em 2008 e passei por relações conturbadas com Lance (Armstrong), em 2009. Enxergo minha carreira como um longo exame antistress e, de certa forma, os últimos nove anos têm me preparado para tudo o que estou vivendo atualmente”, disse o madrilenho, que não contou sobre o término da Discovery Channel, sua equipe em 2007.

Contador, acusado por ter testado positivo pelo consumo de clembuterol após o Tour de France 2010, será julgado pelo Tribunal Arbitral Esportivo (TAS) entre os dias 21 e 24 de novembro, o que também foi citado pelo atleta entre os obstáculos vivenciados em sua carreira. “Existem provas científicas reais justificando a possibilidade de a substância ter entrado no meu organismo através da minha alimentação”, acrescentou o bicampeão do Giro d’Italia, que afirma ter consumido carne contaminada com a substância.

“El Pistolero”, como é conhecido, diz que tantas coisas marcantes ocorreram durante a última década que é difícil escolher uma e critica a legislação no ciclismo. “Creio que a lista de substâncias proibidas a serem consumidas pelos ciclistas deve ser reformulada, uma vez que a ciência sempre se encontra em constante evolução. Acho que as autoridades deste esporte, no entanto, se prenderam muito ao meu caso, por ter sido muito conturbado e por ser de conhecimento público”.

Quando questionado sobre suas desavenças com Lance Armstrong, minimiza os fatos: “Lance é uma pessoa que exerceu um papel muito importante em minha vida, com uma história fantástica que me fez ler seu livro duas vezes. A primeira delas ocorreu antes de eu sofrer meu acidente e me motivou muito não apenas para voltar a pedalar, mas também para retomar o meu gosto pela vida. Resolvi reler a obra quando pensava em vencer o Tour pela primeira vez, portanto, foi um livro muito marcante em minha vida. Nossa relação, no entanto, se tornou complicada quando ele resolveu voltar a competir, pois nós dois éramos campeões do Tour e desejávamos vencer novamente. Embora tudo tenha acontecido desta forma, a experiência foi incrível e teria sido melhor se não tivéssemos integrado a mesma equipe, mas creio que as coisas negativas ficaram para trás e serviram para me fortalecer psicologicamente”, discursou o ciclista.