Conduta em risco

Atualizado em 07 de dezembro de 2011
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Por Fernando Bittencourt

A revista suíça L’Illustre divulgou nesta terça-feira (6) supostos e-mails que relatam uma conversa em que Alexander Vinokourov (Astana) teria subornado Alexandr Kolobnev (Katusha) com € 100,000 para vencer a Liège-Bastogne-Liège de 2010. A prova se encerrou com a dupla isolada na liderança, no entanto, o atleta da Katusha não realizou um sprint na reta final e Vino, que negou veemente os fatos e prometeu vingança à revista, cruzou a meta como campeão.

Nos e-mails, Vinokourov teria dito que o russo estava fazendo tudo corretamente e que cumpriria sua parte do acordo. Kolobnev, por sua vez, se mostrava receoso e com vontade de vencer a prova, afirmando estar 100% preparado para tal feito, que seria uma grande chance. “Você se lembra que, para mim, era uma grande chance. Eu não sei se eu estava certo de fazer o que eu fiz”, teria escrito Kolobnev, logo após a corrida.

“Se fosse outra pessoa, eu teria vencido para receber minha glória e bônus (existente no contrato para títulos em provas clássicas). Naquele dia, eu me senti mais forte do que nunca e agora só me resta esperar pacientemente para ver se tudo o que fiz não foi em vão. Meu único consolo é que você ganhou e não um dos belgas”, dizia um dos supostos e-mails enviados a Vino, que teria respondido da seguinte forma: “Você tem feito tudo corretamente, não se preocupe. Como você mesmo diz: a Terra é redonda e Deus vê tudo. Então, mais uma vez, obrigado. Eu acredito que neste ano você vai vencer finalmente e não se preocupe com a minha parte do acordo, pois eu farei”.

Depois de informados sobre as acusações, Kolobnev não se pronunciou sobre o caso. Vinokourov, por sua vez, negou os boatos, afirmando que sempre lutou por suas conquistas com integridade acima de tudo.

“Estamos falando da minha vida privada e eu não estou dando satisfações para a polícia. Esta é apenas outra história para me prejudicar. Graças a Deus, ainda estou vivo para o público, para as crianças, para os meus fãs. Ganhei porque fui o mais rápido e nunca compraria a vitória de Kolobnev. Por trás deste caso há, certamente, pessoas que querem minha pele. É estranho que algo relacionado a uma prova de 2010 tenha vindo à tona poucos dias depois do anúncio da minha candidatura para as próximas eleições do meu país! É uma violação da minha privacidade e não podemos explicar como e-mails chegam por acaso na área de trabalho de um jornalista sem uma origem conhecida. Meus advogados irão processar qualquer pessoa que viole a minha integridade e eu não posso admitir que fiquem fofocando sobre mim”, concluiu o líder da Astana, indignado, mencionando sua candidatura recente para as eleições do Cazaquistão.

Pat McQuaid, presidente da União Ciclística Internacional, finalizou dizendo à revista que tomará providências. “Sim, existem regras sobre isso e com certeza, se houverem provas para comprovar o acordo, pode haver penalidades após uma investigação de nossa parte.”