Clarindo sonha em completar o RAAM

Atualizado em 24 de abril de 2007
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Por Christian Baines

O santista Cláudio Clarindo começou com natação, migrou para o triathlon e hoje é fascinado pelo ciclismo, sobretudo, pelas provas de endurance da modalidade. Atual bicampeão da 24 Horas de Fortaleza e vice-campeão do Extra Distance, duas das maiores provas de longa distância do país, Clarindo vai atrás de um novo desafio: ser o primeiro brasileiro a completar a RAAM (Race Across America) na categoria Solo.

Maior prova de endurance do mundo, a RAAM começa no próximo dia 10 de junho, na Califórnia, e acaba em Nova Jersey, cruzando o território norte-americano do litoral do Oceano Pacifico ao Atlântico. Os participantes têm até 12 dias para completar os 4.898,6 quilômetros, e podem adotar quaisquer estratégias para conquistar a liderança.

O ciclista bateu um papo com a equipe do Prólogo e contou como é difícil conciliar a questão logística com os treinos, como é ruim pedalar durante a noite e de como a prova exige um conhecimento singular do seu próprio corpo.

Prólogo: Qual a maior dificuldade da RAAM?
Cláudio Clarindo: Nesse período, pré-prova, o mais difícil é organizar as questões de logística da equipe e não deixar de treinar. São cinco integrantes na equipe: um mecânico, um médico e três que fazem de tudo. É preciso encontrar uma maneira de organizar as coisas e ainda conciliar com as horas dos treinos.

A equipe, então, é fundamental?
Sem dúvida. A equipe toda precisa estar bem fisicamente e psicologicamente. Se um integrante tem um problema intestinal ou um resfriado, por exemplo, já é o suficiente para atrapalhar todo nosso planejamento. Além disso, considerando que, após o sexto dia de prova, o atleta pedala mais por incentivo psicológico do que por condições de treinamento, a equipe é importante para motivá-lo. Enfim, o atleta corre solo, mas seu desempenho depende de toda a equipe.

E qual será a estratégia que vocês vão adotar durante a prova?
Durante a prova, usaremos dois carros de apoio. Um deles ficará sempre com o atleta e o outro tem que realizar todas as tarefas logísticas, desde lavar as roupas até fazer o caminho mais curto para encher o tanque de gasolina.
Como disse, a equipe toda tem que estar na mesma sinergia para que as metas sejam alcançadas.

Quais são essas metas?
Nossa meta inicial é pedalar ao menos 20 horas por dia – com paradas para alongamento, alimentação e necessidades fisiológicas, é claro – e percorrer 450 quilômetros diariamente. Em alguns momentos iremos percorrer o trajeto até durante a noite.

Aliás, como é pedalar tendo que lidar com o sono?
É horrível. Pedalar com sono é muito ruim. Talvez não tenha um desempenho muito bom durante a noite, mas prefiro correr a prova em menos dias e chegar o mais rápido na linha de chegada. Para isso, porém, o atleta deve ter conhecimento ímpar do seu corpo.

As dificuldades são enormes e o desgaste físico é desumano. O que te motiva a continuar?
Sou apaixonado pela superação pessoal. No RAAM, ainda tenho uma motivação maior: ser o primeiro brasileiro a completar a prova. Sejamos sinceros, não tem dinheiro que pague a superação de uma prova como essa. Você volta com novos valores. Uma provação assim muda o espírito. Acredito que quem corre solo está em busca de algo maior.