Ciclistas muito especiais

Atualizado em 15 de julho de 2007
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Por Leandro Bittar

Foi uma honra ver de perto o colombiano Santiago Botero vencer o contra-relógio individual masculino, disputado no Aterro do Flamengo, neste domingo, dia 15 de julho. Foi uma aula de ciclismo para todos que estavam no local. Um ciclista que teria tudo para estar neste momento na França, competindo o Tour de France, mas que por uma série de circunstâncias veio engrandecer Pan do Rio.

O desempenho de Botero foi brilhante. Ele foi apenas o sexto ciclista a largar, mas foi o segundo a cruzar a linha de chegada, pegando por trás quatro ciclistas, entre eles o brasileiro Pedro Nicácio.

O plano circuito do Aterro foi um cenário conveniente para um ciclista forte, que já conquistou o título mundial da modalidade em 2002 e que no mesmo ano bateu no contra-relógio individual Lance Armstrong, no Tour de France.

Outro colombiano ficou em segundo lugar, Libardo Niño, campeão pan-americano de ciclismo neste ano, na Venezuela. A medalha de bronze ficou com um velho conhecido dos brasileiros, o argentino Matias Médici, que compete pela equipe brasileira Scott/São José dos Campos.

Os brasileiros tiveram um desempenho modesto. Pedro Nicácio, que concentrava boa parte das nossas expectativas, foi apenas o nono colocado. E Marcos Novello ficou em décimo. Novello sofreu com um pneu furado ainda no começo da prova e fez uma corrida de superação. A sensação é de que ele estava em um momento ainda melhor do que Nicácio. No final, confirmou que o furo o desestabilizou e tirou sua concentração. Emocionado, Novello não conseguiu conter as lágrimas e interrompeu a entrevista.

Nicácio disse que ver Santiago Botero pegando ele por trás e passando por como um foguete também prejudicou seu desempenho. “Eu trabalhei para chegar em primeiro. Não queria esperar uma coisa dessas. Foi frustrante ver ele passando por mim, ainda mais da forma que passou. Tenho a certeza que eu fiz o melhor que podia e que a vitória deles foi justa. É treinar mais e tentar ganhar deles o futuro”, diz.

Alegria no contra-relógio
A felicidade brasileira surgiu onde menos se esperava. Clemilda Fernandes conquistou uma emocionante medalha de bronze na prova de estrada contra-relógio em sua primeira participação em Jogos Pan-Americanos. Depois de ser uma das primeiras a completar, ela sofreu junto aos jornalistas enquanto aguardava a conclusão das outras adversárias e a confirmação da medalha. A medalha de ouro ficou com a canadense Anne Samplonius, de 39 anos, e a prata com a mexicana Alessandra Herrera.

Antes da prova, o treinador da seleção Mauro Ribeiro afirmava que um quinto lugar já seria um posto de muito orgulho para a brasileira. Uma medalha seria um sonho. Fernandes, porém, tornou esse sonho realidade. Isso, competindo com uma bicicleta de estrada adaptada ao contra-relógio.

Ela ainda compete as provas de pista e, no próximo sábado, estará com a irmã Janildes e a prima Uênia Fernandes defendendo o Brasil na prova de estrada feminina. “Essa não será a última medalha da família”, diz a Clemilda.

Nesta segunda-feira vou conhecer o Velódromo do Pan. Estou muito ansioso, já que ele é elogiado por todos que lá estiveram. Logo mais contarei aos leitores do Prólogo a minha impressão.

Curtas do Pan
– Frase de Botero ao receber a revista Vo2 de março de 2006, com uma entrevista exclusiva com o campeão: “Ah, claro que eu lembro. Bons tempos!”.

– Uma grande e barulhenta torcida colombiana estava acompanhando a prova. A imprensa colombiana também. Lembrando que o ciclismo é um dos três esportes mais admirados na Colômbia.

– A bicicleta de Santiago Botero era visivelmente a belíssima BMC Time Machine 01. Porém, contava com um adesivo da Trek cobrindo os nomes originais.

– Botero soube sair muito bem das perguntas relacionadas ao doping. Mais sobre ele você acompanha ainda hoje, em uma matéria especial.