Ciclismo: Vale a pena treinar usando power cranks?

Atualizado em 09 de dezembro de 2011
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De tempos em tempos, diversos implementos surgem no marcado com o objetivo de melhorar o desempenho de ciclistas. Sistemas de pesdivela desacoplados (PowerCranks® ou SmartCranks®) foram lançados há alguns anos com o intuito de melhorar a técnica de pedalada. Para os que são pouco familiares a estes implementos, sugiro o seguinte link com video ilustrativo (http://www.youtube.com/watch?v=AXzrC04x8VU).

Tendo em vista o apelo comercial e a justificativa teórica acerca do uso destes implementos (treinamento dos músculos associados com a puxada do pedal na fase de recuperação), alguns estudos focaram na análise destes implementos. Abaixo segue um breve resumo dos achados destes estudos:

1. Luttrell & Potteiger (2003): Aumento 2,3% na eficiência mecânica durante 1 hora de ciclismo em carga constante após seis semanas de treinamento utilizando “PowerCranks”.

2. Fernandez-Pena et al. (2009): Aumento no recrutamento dos isquio-tibiais após duas semanas de treinamento utilizando “PowerCranks”.

3. Bohm et al. (2008): Ausência de alterações na eficiência mecânica após cinco semanas de treinamento utilizando “PowerCranks”.

4. Williams et al. (2009): Ausência de alterações na potência produzida durante contra-relógio

Apenas o estudo de Luttrell & Potteiger (2003) indicou benefícios do uso de power cranks para o treinamento. No entanto, este estudo vem sendo criticado por outros devido ao reduzido número de ciclistas (seis) e ao reduzido condicionamento físicos destes.

Uma das razões para a ausência de benefícios no uso de power cranks parece estar relacionada com a redução na aplicação de força durante a fase de propulsão após o treinamento utilizando este sistema (Bohm, Siebert et al., 2008).

Em outras palavras, ciclistas parecem reduzir a força advinda da perna que puxa o pedal para baixo assim como aumentam a força de puxada no pedal para cima. Devido a elevada cadência de pedalada (>90 rpm), é possível que ciclistas tenham dificuldade em manter os níveis de força na fase de propulsão (empurrar o pedal) e reduzam a força na fase de recuperação (puxada no pedal).

Com isto, não perece favorável, para ciclistas bem treinados e com muitos anos de experiência, o uso de power cranks para o treinamento.
No entanto, para ciclistas pouco treinados e com menor experiência, talvez seja possível que estes obtenham benefícios no uso de power cranks para a aquisição de um gesto melhor coordenado.

REFERÊNCIAS
Bohm, H., S. Siebert, et al. Effects of short-term training using SmartCranks on cycle work distribution and power output during cycling. European Journal of Applied Physiology, v.103, n.2, p.225-232. 2008.
Fernandez-Pena, E., F. Lucertini, et al. Training with independent cranks alters muscle coordination pattern in cyclists. Journal of Strength and Conditioning Research, v.23, n.6, p.1764-1772. 2009.
Luttrell, M. D. e J. A. Potteiger. Effects of Short-Term Training Using Powercranks on Cardiovascular Fitness and Cycling Efficiency. Journal of Strength and Conditioning Research, v.17, n.4, p.785-791. 2003.
Williams, A. D., I. S. Raj, et al. Cycling efficiency and performance following short-term training using uncoupled cranks. International Journal of Sports Physiology and Performance, v.4, n.1, p.18-28. 2009.

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