Caos em Chicago

Atualizado em 08 de outubro de 2007
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Calor e falta de água marcaram a Maratona de Chicago, que chegou a ser interrompida no km 21 com três horas e meia de prova

 

Por Carolina Botelho

 

O diretor executivo Carey Pinkowski e o diretor médico George Chiampas, com a ajuda da organização, implementaram um plano de contingência como medida de precaução na Maratona de Chicago. Eles fecharam a prova nos 21 km três horas e meia depois do início. Ou seja, quem não passou pelo controle da metade da prova até 12h aproximadamente, teve que retornar ao Grant Park sem concluir os 42 km.

 

Quem passou na marca dos 21 km antes disso pode continuar a maratona. Mas a água disponível foi insuficiente para os mais de 35 mil corredores.

 

Chad Schieber, 35, se sentiu mal enquanto corria pelo South Side (km 30) e, depois de ser internado no hospital Cook County, foi declarado morto. Na autópsia realizada nessa segunda-feira, 8 de outubro, de acordo com as declarações da família de Schieber, ele teve um prolapso na válvula mitral e morreu por causa desse problema no coração – e não por causa do calor, como foi observado anteriormente.

 

Apesar do calor, Carey Pinkowski informou que a organização nunca considerou a possibilidade de cancelar a corrida antes do início. “Várias pessoas treinaram por 25 semanas para essa prova”, disse. “E eles treinam em condições climáticas difíceis”, completou Pinkowski.

 

Lary Langford, do Corpo de Bombeiros, falou que 315 corredores foram retirados do percurso de ambulância por causa do forte calor. Ele afirmou que as ambulâncias públicas levaram 146 pessoas ao hospital, a maioria em bom estado. “Cinco pessoas estão internadas em estado grave no domingo a noite”, disse Langford.

 

Visão dos corredores

Os corredores descreveram cenas caóticas: pessoas vomitando, desmaiando e sendo carregadas. “Tinha gente caída por todos os lados”, disse Rob Smith, 40, de Naperville, que estava correndo sua primeira maratona. “Não tive água até o km 13”, contou Blayme Rickles, 57, de Denver.

 

Assim como aconteceu na Meia-maratona de Buenos Aires desse ano, “os espectadores compraram garrafas de água, no km 21, para dar os corredores exaustos”, contou Rickles. “A cidade é maravilhosa, mas a corrida foi horrível”, completou ela.

 

“Os postos de hidratação estavam vazios”, contou Nestor Benanidez, 40, de Maryland. “Por mais que eles tivessem planejado, não seria o suficiente”, acredita.

 

Quem encontrou hidratação nos postos também reclamou, pois eles não estavam prontos para a chegada dos corredores. “Apesar de ter água e isotônico, tive que me servir”, falou Karen Oerner, 42, de Minneapolis.

 

Mas os organizadores da corrida não confirmam essas reclamações. Shawn Platt, vice-presidente sênior da LaSalle Bank Chicago Marathon, afirmou que cada posto de hidratação tinha de 50 a 70 mil copos de água e 37 mil copos de isotônico. “Nós checamos cada posto e eles estavam abastecidos. Tínhamos centenas e centenas de galões de água”, declarou Platt.

 

Dos 35.867 corredores que começaram a prova, somente 24.933 terminaram. A temperatura chegou aos 31ºC.

 

Lado positivo

Por outro lado, para quem correu em menos de quatro horas os 42 km a organização estava impecável. O dia, apesar do calor, estava maravilhoso e o público esteve presente do começo ao fim incentivando os corredores.