Canelite

Atualizado em 08 de janeiro de 2008
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Por Glauber Alvarenga*

Quem costuma correr médias e longas distâncias normalmente fala sobre as “canelites”. Também conhecida como “shin splints” ou “tibialgias”, esse tipo de problema chega a contabilizar 10% a 15% das lesões que acometem os atletas de corrida.

O quadro mais comumente descrito é a dor na região da canela, que normalmente está relacionada ao impacto repetido da corrida. Só que essa dor piora gradualmente durante a prática do exercício, e, em alguns casos, melhora quando o corpo está bem aquecido, retornando ao final do exercício.

Além da dor, pode ocorrer um edema na região. A canelite é uma inflamação da parte mais externa da tíbia, também conhecida como periostite, ou dos músculos e tendões que se inserem nela. Em casos mais graves, pode levar a uma fratura por estresse.

O que gera?
São diversos os motivos que podem geral essas lesões: corrida em terrenos irregulares ou superfícies muito duras, fraqueza dos músculos da perna (como os tibiais), falta de alongamento da panturrilha, aumento da distância, freqüência ou velocidade da corrida de maneira excessiva, treinamento sem orientação de um profissional, pronação excessiva do pé (pisar para dentro), supinação excessiva dos pés (pisar com a parte de fora dos pés), calçado inadequado. Para completar, corredores iniciantes são mais propensos a desenvolver o problema.

Prevenção da lesão
Essas lesões podem ser prevenidas se algumas atitudes forem tomadas. Mas é necessário que o atleta realize de maneira regular e consciente.

Utilizar tênis específico para seu tipo de pisada, trocar o calçado a cada 500 a 800 km, não aumentar a carga de treinamento mais que 15% por semana, manter a musculatura da parte posterior da perna (panturrilha e isquiotibiais) alongada, fortalecer a musculatura dos membros inferiores, principalmente os músculos tibiais (que fazem a flexão dorsal do pé) e sempre fazer aquecimento antes de começar a prática esportiva.

Tratamento
Após a confirmação do diagnóstico pelo ortopedista, o tratamento é baseado em fisioterapia com aparelhos responsáveis pela diminuição da inflamação e dor e acelerar a reparação dos tecidos. Quando o quadro de dor for menos intenso, inicia-se a seqüência de exercícios de alongamento da região posterior da perna, que pode ser feita com uma faixa puxando a ponta dos pés na sua direção ou pisando em uma rampa inclinada a 45 graus com uma das pernas. Também é necessário o fortalecimento dos músculos tibiais e isso pode ser feito ao bater o pé de maneira contínua e em alta velocidade por 1 minuto.

Esses exercícios, além de tratar o quadro já instalado, previnem novas lesões. Caso o tratamento não seja realizado, o quadro pode evoluir para uma fratura por estresse e até mesmo uma cirurgia nos casos nos quais o tratamento conservador é falho.

Procure sempre um profissional especializado para o tratamento correto de suas lesões.

Bom treino.

* O Dr. Glauber Alvarenga é Fisioterapeuta, especialista em reabilitação músculo esquelética e em reabilitação de joelho pela Santa Casa de São Paulo. Também fisioterapeuta da equipe de fisioterapia esportiva do Instituto Vita.