Brincadeiras lúdicas

Atualizado em 16 de julho de 2008
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Por Thays Biasetti

Pode parecer apenas um momento em que a criança se distrai e se entrega à descontração. Mas as atividades lúdicas têm um papel ainda mais importante na vida dos pequenos, elas incentivam as crianças a desenvolver criatividade, aprendizado, equilíbrio e coordenação. “É por meio dessas brincadeiras que a criança desenvolve a fantasia e cria uma identidade própria”, disse Maria Lúcia Piva Lima, psicóloga clínica especialista no atendimento de crianças e adolescentes, de Jaú.

Como as brincadeiras usam a linguagem das crianças, elas prestam mais atenção aprendem de uma maneira divertida, sem perceber. O mundo da fantasia estimula os pequenos a pensar sobre o que acontece a sua volta e acaba causando um aprendizado passivo. “O brinquedo ajuda a criança a resolver questões mal resolvidas, pois ela coloca esses problemas na brincadeira, como, por exemplo, uma menina que brinca de boneca e bate no brinquedo. Também faz com que ela elabore situações cotidianas que ela precisa lidar”, explicou Maria Lúcia.

Na fase da infância, o cérebro da criança e as impressões que tem do mundo ainda estão desenvolvendo, então tudo que vivencia ela assimila. “As brincadeiras estimulam o aspecto social, os relacionamento com as pessoas, ensinam a lidar com as diferenças e aprender a negociar”, disse Juliana Amaral de Andrade, psicóloga clínica e psicanalista, de São Paulo.

Criança tem que ser criança
Para ajudar os filhos a aprender, os pais podem lançar mão de diversos artifícios. Brincadeiras, teatros, jogos, fantoches. Não há limite para a imaginação quando o assunto é o lúdico. “O brincar da criança já é lúdico, elas fantasiam sobre tudo o que estão fazendo”, disse Regina Gomes, atriz recreacionista e coordenadora infantil, de São Paulo. Por isso, não é preciso muito esforço para que a criança se envolva em uma atividade lúdica. “Essas brincadeiras como pega-pega, pular corda, boneca, carrinho, são atividades lúdicas que estimulam a coordenação motora, o equilíbrio e a concentração das crianças”, disse Maria Lúcia. Juliana completa que cada tipo de brincadeira trabalha uma área diferente do aprendizado. “As brincadeiras como pega-pega estimulam a coordenação motora e o conhecimento dos limites do corpo. Os jogos de raciocínio ajudam a desenvolver o aspecto mental, pois as crianças têm que desenvolver estratégias”, explicou.

O que acontece atualmente é que a pressão do mundo moderno faz com que os pais coloquem os filhos em muitas atividades, às vezes com a desculpa de que eles precisam brincar. As crianças realmente precisam brincar, mas sem regras impostas. “É importante os pais deixarem os filhos terem tempo de brincar sozinhos ou com outras crianças, mas sem ser na escola ou na aula de arte e futebol. A brincadeira não deve ter rotina, não deve ter regras; a criança é que deve montar suas brincadeiras”, explicou Maria Lúcia. Juliana acredita que as crianças não conseguem ser mais crianças. “Não existe mais infância. É preciso que os pais deixem as crianças brincarem, tirem-nas do videogame e estimulem as brincadeiras de imaginação”, disse.

Além disso, a quantidade exagerada de compromissos e a falta de tempo dificultam o contato dos pais com as crianças. “O pai deve esquecer um pouco a seriedade e voltar à infância para brincar com o filho. Esse contato com o pai, sem regras, é muito importante para o afeto da criança”, afirmou Regina.

Brincar = aprender
A brincadeira é tão importante para o desenvolvimento da criança que algumas escolas já possuem brinquedotecas para utilizá-las no aprendizado. O método construtivista de ensino prega que o desenvolvimento da inteligência se dá por meio da criatividade e utiliza as brincadeiras para incentivar essa fantasia. “É importante dizer, que se a criança não brincar, o aprendizado vai ser prejudicado, pois a brincadeira, principalmente na primeira e segunda infância que é com cinco e seis anos, prepara o emocional dela conseguir assimilar o que aprende”, finalizou Maria Lúcia.