Brasileiro quer fazer história na Comrades

Atualizado em 25 de fevereiro de 2011
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Por Ativo

O engenheiro civil e corredor paulista, Nato Amaral, 39 anos, pode entrar este ano para a história da mítica Comrades Marathon, na África do Sul, ao se tornar o primeiro atleta brasileiro e sulamericano a conquistar o desejado Green Number, honraria concedida aos corredores que já completaram a prova 10 vezes.

A tradicional ultramaratona individual será realizada este ano no dia 29 de maio, com 19 mil corredores. A cada ano, o percurso da prova é invertido e em 2011 a Comrades terá sua largada em Durban, com cerca de 87,5 km de trajeto, incluindo as temidas subidas das montanhas sulafricanas.

Nato correrá a prova deste ano com um número de peito de cor diferente (com fundo amarelo), que o identifica como um atleta em busca do feito de cruzar a duríssima prova pela décima vez. Como reconhecimento pela conquista, a organização da prova concede ao atleta a perpetuação do seu número de prova e o inclui no seleto grupo de corredores que ostentam o número de peito na cor verde, diferenciando-se dos demais.

Com nove medalhas da competição, Nato também foi nomeado pela organização como Embaixador da Comrades no Brasil, com a missão de difundir entre os corredores brasileiros os valores da ultramaratona existente desde 1921.

“Comrades significa camaradas e este é o espírito da prova, a camaradagem. A corrida foi criada por um ex-combatente de guerra para homenagear seus colegas mortos em combate e durante a prova você vê este espírito de ajudar uns aos outros prevalecer, uma das razões que faz a prova também ser muito emocionante”, diz Nato.

A primeira Comrades de Nato foi em 2001 e desde a primeira prova traçou seu objetivo – conquistar o Green Number. “Quando fui pela primeira vez fiquei fascinado com a grandiosidade da competição, é emocionante. Todos têm uma admiração muito grande pela prova e pelos corredores, a organização é exemplar e conta com mais de 4 mil voluntários. É uma prova com muita tradição, este ano em sua 86ª edição”, conta Nato, que decidiu fazer a prova depois dos relatos do seu treinador, o professor Vanderlei Branca, que em 99 havia concluído a competição.

“Quando voltei já havia tomado a decisão de conquistar o Green Number e avisei o meu treinador que faria as 10 provas. A partir daí sempre faço um treino específico para a prova”, acrescenta Nato, que costuma terminar a Comrades entre 8h30 e 9h, mas que tem seu melhor tempo até hoje justamente na primeira disputa, com 8h33min. “Isso por uma série de fatores, mas também porque estava curtindo muito, livre de qualquer obrigação ou preocupação”.

Pela tradição, o Green Number é sempre entregue por um ex-campeão da prova. Ao cruzar a linha de chegada com seu número diferenciado, Nato será conduzido para receber a cobiçada condecoração em veludo verde, com seu número 48418 bordado na cor dourada, ladeado por folhas de louro. Todo ano há uma média de 400 corredores em busca do Green Number na prova, mas, quase todos atletas africanos, esta será a primeira vez para um atleta sulamericano.

Ausente apenas em 2002, Nato seguiu ano a ano para a África do Sul durante toda a década. A Comrades também foi sua primeira ultramaratona, mas já era um corredor experiente de maratonas, tendo completado duas vezes a Maratona de Nova Iorque.
Apesar de ter curtido todas as nove Comrades que fez, Nato está certo que este será seu melhor ano. “Estou mais preparado que nas demais e vou conquistar o Green Number”. Nato terá também a companhia e o apoio de sua esposa Josi e de sua mãe Edith, que o verá cruzar a linha de chegada pela primeira vez.

Além de Nato, em busca do Green Number, a Comrades 2011 terá cerca de 100 corredores brasileiros. “A prova está se tornando cada vez mais popular por aqui”, diz Nato.