Bike x idosos

Atualizado em 04 de julho de 2007
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Por Juliana Saporito

Chegar à terceira idade bem fisicamente é um grande desafio. O corpo já não responde aos mesmos estímulos e a disposição nem sempre acompanha o ritmo frenético das mudanças cotidianas. É preciso ter força de vontade e energia para ir além, superar limites e viver mais feliz.

O sedentarismo, dizem os especialistas, é a “praga” do mundo moderno e globalizado. Trabalhar contra esse mal ainda na juventude pode ser, portanto, a grande chave para chegar à idade madura sem prejuízos para a saúde. “É preciso se preparar para a terceira idade enquanto se é jovem ainda”, alerta Sandra Matsudo, professora doutora em Ciência pela Universidade de São Paulo e diretora geral do CELAFISCS – Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.

“A perda de fibra muscular começa a acontecer entre os 25 e 30 anos, e aos 20 anos a pessoa já começa a perder o hormônio de crescimento. Quando chega aos 70 anos, esses níveis de hormônio já chegaram a somente 50%”, explica Sandra.

Dentre as muitas opções de modalidades esportivas que podem auxiliar os mais velhos, o ciclismo colabora consideravelmente com o ganho de massa muscular, com a recuperação do condicionamento físico e trabalha um ponto muito importante – e geralmente deficiente – em quem atinge a terceira idade: a noção de equilíbrio.

“Quando as pessoas idosas praticam o ciclismo, privilegiam o trabalho de resistência e força, mas esquecem de trabalhar o equilíbrio. Ele é importante para evitar quedas e lesões dentro do esporte e ajuda em todas as atividades rotineiras que a pessoa irá realizar”, garante a professora.

André Pedrinelli, ortopedista, traumatologista, médico do esporte e diretor do Comitê de Trauma do Esporte da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, concorda. “Trabalhar o equilíbrio é um dos fatores mais importantes quando as pessoas mais velhas andam de bicicleta, seja na academia ou nas ruas. Vale lembrar que, em ambientes externos, a preocupação com a segurança também deve ser levada em consideração”, diz Pedrinelli.

Dentre as vantagens já conhecidas do ciclismo, estão a facilidade na queima de gordura, perda de peso, o pequeno impacto causado pelos movimentos e a ação tonificadora e de fortalecimento de coxas, panturrilhas, glúteos e abdome. Além disso, pedalar regularmente reduz a suscetibilidade a males relacionados com o estilo de vida moderno, como o estresse e a hipertensão. Estudos indicam que andar de bicicleta durante meia hora por dia aumenta o metabolismo em oito calorias ao minuto e o consumo de gordura pode chegar a 11kg por ano.

“Qualquer atividade física é boa, mas o esporte nem sempre é sinônimo de saúde quando se comete exageros”, adverte Maurício Garcia, Coordenador do Setor de Fisioterapia do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, e Fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp. “É preciso estabelecer limites antes de atingir a intensidade nas pedaladas, e isso só é possível quando se consulta um avaliador físico. Ele analisa todo o aparelho locomotor, a saúde, o biotipo e as necessidades do indivíduo”, diz.

A partir dessa avaliação física, outros fatores importantes serão priorizados, como a ergonomia, que vai ajudar a manter uma postura correta e evitar lesões, além da velocidade a ser alcançada, a força e a intensidade dos movimentos. O grande resultado, quando todos estes dados são levados em conta, é o ganho de performance e a melhora no condicionamento.

Passear no parque, treinar na academia ou aproveitar momentos de relaxamento na bicicleta ergométrica, em casa, são ótimas pedidas para quem quer manter a saúde e garantir a manutenção do condicionamento físico com longevidade. O melhor é não perder tempo, lembrar sempre de realizar uma avaliação prévia e, então, aproveitar o prazer de dar boas pedaladas.