Por Sara Puerta

“A grávida deve ficar em repouso, comer por dois e permanecer em abstinência sexual”. Tais recomendações já não existem. Muito pelo contrário. “A corrida ajudará a mulher a manter o peso, a ficar mais calma e com a musculatura preparada para o aumento da barriga e o parto”, observa Eduardo Zlotnik, obstetra do departamento de medicina preventiva do Hospital Albert Einstein.

E também não há “jejum sexual” na gestação. “A relação sexual pode acontecer durante toda a gravidez, desde que não haja dor”, explica Zlotnik. Para Mauro Haidar, ginecologista e chefe do departamento de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) o único cuidado é não ter tido histórico de sangramento. “Mais do que nunca, nesse período a mulher tem de estar relaxada na relação sexual para não ter dores nem lesões”, aconselha.

Sem pendurar o tênis
A corrida não é proibida durante a gravidez, mas também a hora não é de desafiar os limites. Segundo o obstetra Zlotnik, a busca por objetivos mais altos ou maior volume nos treinos deve ser deixada de lado durante os nove meses. “Enquanto está grávida, a mulher deve correr como já estava acostumada, para não forçar demais os joelhos nem sofrer com overtraining”, pondera Adriana Piacsek, diretora técnica da TPM (Treinamento para Mulheres) Assessoria, que aconselha um ritmo moderado, na média de 140 batimentos por minuto, ou 70% a 75% da FC Máx.

E o ritmo deve baixar depois do sexto mês devido à mudança no metabolismo do feto e da gestante. “Nesse período, o bebê necessita de mais energia, e a mãe passa a produzir mais relaxina, hormônio que deixa a musculatura mais relaxada, preparando o corpo para o parto”, observa Ivan Piçarro, biomédico e especialista em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). E complementa: “Após o sexto mês, a mulher deve correr de 20 a 30 minutos para não forçar demais ou ter hipertermia (excesso da temperatura corporal), que pode gerar má formação no feto”, aconselha.

Alerta
Segundo Adriana, as mulheres que não correm devem esperar um pouquinho para começar, já que não é aconselhado iniciar durante a gravidez. O corpo não estará acostumado ao impacto e ao esforço. Neste caso, é melhor ficar na caminhada ou investir em atividades aquáticas. “Correr na água ou praticar hidroginástica são alternativas que aliviam a sensação de inchaço, o peso do corpo e não oferecem impacto”.

Comida para quem precisa
Uma grávida com vida sexual ativa e que pratica atividades físicas tem muito mais gasto calórico, comparado a uma sedentária.Portanto, depois do sexto mês, deve aumentar em 20% a 30% o consumo de calorias. E mais: “O ideal é ingerir alguma fonte de carboidrato meia hora antes do treino”, aconselha Zlotnik. “Isso acontece, pois primeiro o feto utiliza o nutriente. Caso não tenha reservas, a mãe pode ter hipoglicemia”.