Antes de largar...

Atualizado em 29 de abril de 2011
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* Por Newton Nunes

A anamnese (entrevista com o paciente realizada pelo médico) permanece como a fonte mais rica de informação. Ela deve ser completa e detalhada, com ênfase para o histórico familiar e sintomas sugestivos de doença cardiovascular, principalmente quando desencadeados pelo esforço. Antecedente familiar de cardiopatia congênita, morte súbita de parentes (homens com menos de 55 anos e mulheres com menos de 65 anos), além de antecedentes pessoais de hipertensão arterial, diabetes e insuficiência coronariana devem ser questionados.

Indivíduos que apresentam sintomas de dispnéia (falta de ar), precordialgia (dor na região do peito diante do coração), palpitações, tonturas ou síncope (desmaio) que são desencadeados pelo exercício, devem ser submetidos à investigação mais detalhada.

O exame físico deve ser realizado após a história clínica, observando-se hidratação e palidez das mucosas, medidas antropométricas, medida da pressão arterial, palpação dos pulsos periféricos e ausculta cardíaca. Algumas condições como sopros cardíacos, terceira ou quarta bulhas e estalidos podem estar relacionadas com cardiopatias e implicam avaliação mais aprofundada, no sentido de confirmar ou afastar a suspeita de cardiopatia estrutural.

A medida correta da pressão arterial também se mostra fundamental, podendo inclusive orientar o diagnóstico de um quadro de hipertensão arterial não suspeitado. O eletrocardiograma de repouso é um exame de triagem que oferece condições de diagnosticar algumas doenças cardíacas assintomáticas, que podem resultar em risco durante o exercício.

O teste de esforço trata-se de um método que permite analisar as respostas clínicas, eletrocardiográficas e hemodinâmicas ao esforço: importante – entre outros aspectos – para a detecção e quantificação de arritmias, resposta hipertensiva e isquemia miocárdica induzidas pelo esforço.

A ergoespirometria é uma metodologia não invasiva, que avalia de forma precisa e reprodutível variáveis importantes com grande aplicabilidade na área clínica. São elas: diagnóstico diferencial de problemas relacionados ao coração e/ou pulmão em relação a limitação do esforço físico; seguimento de intervenções; avaliação prognóstica de pacientes, fornecendo e/ou adicionando informações importantes na complementação e indicação de condutas, tais como a melhor época para a realização de transplante cardíaco ou para estratificação de prognóstico de várias enfermidades.

A ergoespirometria também é muito indicada na avaliação de atletas e prescrição de treinamento físico. Dentre os motivos que poderíamos citar do porquê da pequena utilização dessa metodologia, poderíamos citar a necessidade de equipe especializada, tempo adicional necessário para a realização do exame, o potencial desconforto para o paciente e principalmente o custo do equipamento.

Através destas medidas, o profissional da área da saúde garante que a probabilidade de intercorrências durante os exercícios físicos serão minimizados.

* Professor Newton Nunes – www.areadetreino.com.br
Professor pelo Instituto do Coração de SP desde 1994.
Especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo InCor.
Mestrado e Doutorado em educação física na USP.