“Afinal, é a Cidade do Cabo”

Atualizado em 11 de abril de 2009
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Por Fernanda Di Sciascio, da Cidade do Cabo

Ganesh Shinoy, 28, é advogado e corre há sete anos. Neste intervalo, já correu cinco vezes a meia-maratona Two Oceans, que, para ele, é o caminho para manter-se saudável, bem condicionado e desestressado.

“A corrida relaxa e eu supero qualquer situação depois de um bom treinamento. A experiência de terminar uma prova é fantástica, principalmente pelas pessoas vibrando e depois todos irem celebrar em Green Point [uma região da orla bastante agradável e movimentada]. Afinal, é a Cidade do Cabo! Aqui sempre há pessoas alegres, curtindo a vida. Faz parte de nossa cultura”.

Ele não é o único a comemorar a corrida. Linda Schotter, 23, trainee em contabilidade, corre há dez anos e estreou na Two Oceans ano passado: “Gostei da experiência em 2008 e resolvi repetir. Na subida você sente que realmente tem de se esforçar e sabe a razão do treinamento”.

Zuko Zenzile, 21, sul-africano e analista de marketing, corre há quatro anos e esta foi sua 3ª Two Oceans: “É uma prova muito bonita, mas dura. No km 18 é realmente difícil”.

Estrangeiros (e brasileiros) em peso
No total, 44 países estavam representados na prova, sendo o com maior número de corredores depois da África do Sul o Reino Unido. O Brasil aparece em 10º na lista, com 17 corredores, sendo 11 para a ultramaratona e seis para a meia.

Para o treinador André Pereira, da Run&Fun Assessoria Esportiva, que viajou para a África para acompanhar seis alunos, a prova é dura e requer um bom preparo: “A meia já é um grande desafio, pelas constantes subidas e percurso técnico. Já a ultra tem algumas subidas realmente íngremes e duras, além de ter a distância como desafio”.

Karina Ferraz, 37, é educadora física, mora em São Paulo, e corre há quatro anos. Já fez três vezes a meia do Rio e decidiu participar dos 21 km da Two Oceans para “acompanhar” o marido na ultramaratatona. “Foi ótimo. Treinei bastante para estar aqui e acabei muito bem, sem dores, apesar de o percurso ter muitas subidas – não tão íngremes, mas longas. Toda a corrida é muito bonita, passa por ruas bem arborizadas. No entanto, se você espera ver o oceano, tem de correr os 56 km”.

Um ponto negativo apontado pela paulistana é a largada ser muito cedo, às 6h: “Ainda está escuro e temos de prestar muita atenção no piso, para não tropeçar. O fluxo de corredores também é intenso, mas toda a organização é ótima, os postos de hidratação bem posicionados, com diversos estafes para ajudar a distribuir”.

Já para Mário Barranjard Bazzali, 54, economista, viajar para correr já é comum e a meia-maratona de Two Oceans é parte de seu treinamento para a Maratona de Edimburgo, na Escócia, que fará em maio: “Esta prova é desafiadora, por ser muito técnica. A cidade por si só vale a viagem. Tem um litoral privilegiado e uma encosta linda. Além disso, o custo da viagem é acessível e o povo muito amigável.”

Do extremo norte do globo, o irlandês Jarlath O’Brian, 36, fisioterapeuta, aproveitou as férias com a esposa para correr a meia-maratona: “Não costumo viajar para correr, mas já que estaríamos aqui, nos inscrevemos. A corrida é incrível e a organização, assim como o percurso, valem a experiência.”

Sentir-se vivo
A psicóloga Peta Ricketts, 27, da Cidade do Cabo, ressalta que é importante preparar-se mentalmente para a prova: “Pensar que não será tão duro e treinar bem em subidas dá condicionamento para enfrentar a corrida de um jeito mais leve. Mas são nessas partes mais íngremes que me sinto viva, que aproveito a corrida. Na pós-prova, adoro a atmosfera de confraternizar com as pessoas e aproveitar todo o dia. Afinal, a corrida é bem cedo e você tem depois muitas horas para celebrar”.

Foi o mesmo ponto ressaltado pelos ultramaratonista vencedor. John Wachira, queniano, 29, finalizou os 56 km em 3h10min06s e ressaltou que correu para vencer, mas que se sente muito bem enquanto pratica as passadas: “O sentimento é de bem-estar pleno, apesar de a performance exigir dor algumas vezes e sacrifícios. A corrida me traz satisfação, bem-estar e muitas alegrias”.

No feminino, as irmãs russas Elena e Olesya Nurgalieva disputaram passo a passo a prova e cruzaram a linha de chegada juntas, de mãos dadas, em 3h40min43s: “Intensa, excelente e muito bonita. A mais confortável que já fizemos”, disseram as duas corredoras, sobre os pontos altos da prova, logo após conquistarem seu blue number, uma condecoração a quem corre dez vezes a prova.

:: TWO OCEANS MARATHON (ÁFRICA DO SUL)
Data: 11 de abril de 2009
Horário: 6h (21 km) e 6h25 (56 km)
Distância: 21 km e 56 km
Temperatura: 18ºC (média nos 21 km) e 24ºC (média nos 56 km)
Postos de hidratação: 18 (a cada 3 km)
Inscritos:
21 km
13.161 inscritos
Masculino: 7.090 (54%)
Feminino: 6.071 (46%)
56 km
6.701 inscritos
Masculino: 5.152 (77%)
Feminino: 1.549 (23%)
Inscrição: R 600 a R 700 (Rand, equivalente a US$ 60 a US$ 70)
Pódio:
21 km
Masculino: Stephen Mokoka (LES), 1h03min42s
Feminino: Helalia Johannes (NAM), 1h13min34s
56 km
Masculino: John Wachira (QUE), 3h10min06s
Feminino: Elena Nurgalieva (RUS), 3h40min43s