Advogado absolve Armstrong de doping no Tour 99

Atualizado em 31 de maio de 2006
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POR FERNANDO MELLO

O advogado holandês Emile Vrijman absolveu nesta quarta-feira o americano Lance Armstrong de uso de doping durante o Tour de France de 1999, primeiro dos sete títulos de Armstrong na tradicional prova francesa. Vrijman foi designado pela UCI (União Ciclística Internacional) para realizar a investigação independente sobre o suposto doping do americano durante o Tour 99. No entanto, a entidade bateu de frente com o anúncio do advogado (leia abaixo).

De acordo com o jornal holandês de Volkskrant, Vrijman disse que Armstrong deve ser absolvido de qualquer suspeita sobre os testes de sangue efetuados durante a prova de 1999. As denúncias do suposto doping do americano foram feitas pelo diário esportivo francês L´Equipe, em agosto de 2005. Segundo o jornal, um exame posterior, de 2004, de seis frascos de urina de Armstrong colhidos no Tour de 99 deu positivo para a substância EPO (eritropoietina). O heptacampeão do Tour negou veementemente as acusações em 2005 e se disse vítima de uma “caça às bruxas”.

Em fevereiro passado, a UCI revelou que o francês Mario Zorzoli, médico da entidade, fornecera os documentos sobre o suposto doping de Armstrong ao L´Equipe. Zorzoli foi suspenso por um mês e readmitido no último dia 28 de março.

Além de absolver Armstrong, Vrijman, ex-diretor da agência antidoping holandesa, criticou a maneira como o laboratório em Châtenay-Malabry procedeu as pesquisas, assim como questionou a ética do diretor da Agência Mundial Antidoping (AMA), Dick Pound. Segundo o advogado, os cientistas que trabalharam nos posteriores testes de Armstrong facilitaram informações ao jornalista do L´Equipe, Damien Ression.

O jornalista obteve o documento com a lista de números que identificavam os exames dos ciclistas. Com isso, Ression correspondeu o número do exame ao número da amostra de Armstrong fornecido por Zorzoli. Vrijman acredita ser “irresponsável” alegar que o americano fez uso de doping e criticou novamente o laboratório francês.

No informe de 132 páginas da investigação, Vrijman ainda recomenda que um tribunal examine as possíveis violações legais e ética por parte da AMA no caso. O advogado finaliza afirmando que “todas as sanções apropriadas tem de ser tomadas para evitar novas violações”.

UCI deplora anúncio de Vrijman
A UCI lamentou nesta quarta-feira as declarações do advogado Emile Vrijman. Em nota pública, a entidade “deplora com firmeza o comportamento de Vrijman, que se manifestou prematuramente, quebrando o acordo segundo o qual todas as partes implicadas na investigação seriam informadas antes de qualquer comentário público”. Agora, a UCI vai aguardar o documento de Vrijman para estudar o relatório com cautela antes de decidir torná-lo publico.

O episódio mostra a desorganização da UCI, que designa um responsável para realizar uma investigação independente, com o propósito de dar fim à polêmica, e falha na missão. Com certeza, haverá mais capítulos nessa novela.