A prova que você faz vale a inscrição que você paga?

Atualizado em 14 de janeiro de 2011
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O ano começa e a reclamação dos valores a serem pagos por inscrições em provas é sempre a mesma. Sempre ouvimos “como está cara a inscrição desta prova!”, “eu não farei todas as provas deste circuito”, “o que ele oferece para cobrar isso?” e por aí vai.

Atletas (sejam corredores ou triatletas) costumam fazer uma conta simples e “equivocada” de acordo com o diretor da Latin Sports, Carlos Galvão. “Multiplicar o número de inscritos pelo valor da inscrição é o início da conta. Temos que computar gastos que muitas vezes o competidor não pensa, como sinalização, equipe técnica de circuito, equipe (e equipamento) de som, medalhas, kit, estrutura de concentração pré largada, pós chegada e muito mais.”

O que dificulta a viabilidade de provas com valores mais baixos em muitos casos é a falta de visibilidade que uma prova pode trazer para uma empresa que pense em patrocinar um evento. Algumas ações poderiam contribuir para isso. Incentivos fiscais, plano de mídia alternativo e divulgação em redes de comunicação de massa, em que o retorno de mídia fosse maior. Isso poderia trazer mais investimentos de empresas que estão ligadas ao esporte e que não são do setor esportivo, fazendo com que pudessem acreditar e investir em provas.

Organizadores e competidores vivem em dilemas distintos, e avaliam o que vale e quanto vale para encarar uma prova (seja organizar ou competir).

Na cabeça dos atletas, os organizadores devem entregar uma prova com muita qualidade em todo o processo, kit de atletas, localização do local da prova, comodidade e facilidade na logística para chegar e parar carro, postos de hidratação suficientes e com água gelada, marcação de quilômetro, segurança no trajeto e em ruas e vias de acesso (fechadas), medalhas diferenciadas, posto médico e muito mais.

Os organizadores (em sua maioria) pensam nisso, outros não valorizam alguns detalhes e não abrem o canal de comunicação com seus clientes. Ouvir os competidores que fazem suas provas com certeza é uma ferramenta fundamental para melhorar a qualidade do evento a ser entregue e, em eventuais momentos, poder justificar quaisquer questionamentos.

A certeza que temos é que quem mais perde com isso é o meio esportivo. São menos atletas competindo, infraestrutura comprometida, menos patrocinadores, menor retorno de mídia. Um ciclo vicioso e virtuoso, que se não for devidamente analisado, trará mais danos a este mercado que ainda sofre para crescer e se consolidar.

Com certeza, temos que pensar em todo o processo que os organizadores vivem, e se a pergunta “vale o quanto estou pagando?” ainda ficar na cabeça, é porque alguma coisa não está correta, seja a prova que você fez ou o seu conceito de evento a ser entregue pelo valor que pagou.