A música e você

Atualizado em 25 de janeiro de 2012
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Por Daniela Lago Chaves Koerbel

A música tem sido uma ferramenta muito utilizada no contexto esportivo, já que, por meio dela, pode-se obter resultados satisfatórios no que diz respeito ao desempenho e motivação de atletas. É salutar considerar que a música pode ser utilizada de várias formas e em diferentes contextos, uma vez que transcende qualquer limite de tempo e espaço.

Para os assíduos em corridas de rua, tem-se visto com bastante frequência o uso de fones de ouvido conectados aos mais diversos aparatos eletrônicos, sejam eles minúsculos e de última geração até os nostálgicos walkman´s. Quem nunca sentiu saudades do “velho” walkman, especialmente os famosos “amarelinhos”, que faziam companhia na praia, nas caminhadas, enquanto se pedalava, e até mesmo nas corridas.
Segundo Lévi-Strauss (1991:25), o atuar da música traduz-se na “periodicidade das ondas cerebrais e dos ritmos orgânicos, capacidade da memória e capacidade de atenção.” Ou seja, a música faz conexão com o ritmo, a cadência e o tempo. Tal assertiva encontra respaldo na leitura aristotélica, uma vez que trata a música ora como instrumento de relaxamento e torpor, ora meio de exercício do corpo e da virtude do ouvinte.

No contexto esportivo, a música tem sido largamente utilizada com eficácia e tem demonstrado resultados cientificamente comprovados, ou seja, a música tem sido utilizada de forma estratégica no esporte, uma vez que demonstra evidências de que, ao se escutar música, se é capaz de evocar fortes emoções e, com isso, manter-se a regulação do humor.

Ótimos padrões emocionais são necessários ao sucesso esportivo, por conseguinte, estes podem ser potencializados pelo uso da música, ou seja, há evidências que a música pode provocar estados potenciais de desempenho neurofisiológico e afetivo satisfatórios.

É importante considerar que a música atua tanto na melhora do desempenho esportivo quanto como fator motivacional. Inclusive, tem-se verificado sua relevância também no meio de reabilitação física.
O uso da música no controle do estresse tem importante papel, já que age na diminuição da liberação do cortisol – considerado o hormônio do estresse – na corrente sanguínea, na urina e até mesmo na saliva.

Etimologicamente, o termo estresse significa o somatório de respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos (estressores) os quais permitem ao indivíduo superar determinadas demandas do meio-ambiente.
No que tange ao contexto esportivo, em especial às corridas de rua, o fator estresse tem sido apresentado como uma variável psicológica geradora de conflitos e que pode ser mensurada por níveis de cortisol na saliva ou no plasma sanguíneo do indivíduo. O estresse constitui um dos parâmetros mais estudados na psicologia do esporte, uma vez que o cortisol (hormônio) é o glucocorticóide mais abundante no organismo (BALLONE, 2003). Desta feita, o referido corticóide tem sido bastante utilizado como medida fisiológica em estudos sobre estresse no esporte

Enfim, o uso da música funciona como uma técnica pelo qual se manipula estados psicológicos e fisiológicos e melhora o desempenho para praticantes de esporte e exercício, podendo inclusive ser uma ótima ferramenta de redução de ansiedade, de controle do estresse, bem como aumenta a atenção, a concentração e a motivação.
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*Psicóloga do Esporte – CRP 08/10496
*Consultora do Bota Pra Correr como Psicóloga do Esporte – www.botapracorrer.com.br
*Colunista da O2 como Psicóloga do Esporte – www.o2porminuto.com.br
*Colaboradora do Grupo de Mestrado da UFPR – LAPPES em Psicofisiologia do Esporte e do Exercício.
*Colaboradora da Comissão de Psicologia do Esporte do Conselho Regional de Psicologia do PR