A marcha do idoso

Atualizado em 15 de setembro de 2011
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A queda é apontada como sendo o fator mais comum e mais sério de lesões em idosos. Somente 2% delas ocorre devido à fratura no quadril, mas 90% das fraturas no quadril são provocadas pelas quedas e a maioria destas ocorre durante a locomoção. As quedas são responsáveis pela segunda causa de morte por lesão em idosos entre 75 e 84 anos e a primeira daqueles com mais de 85 anos.

Aproximadamente 20% dos casos ocorre após escorregarem em pisos lisos e outros 20% após tropeçarem em algum obstáculo. Os restantes (60%) são atribuídos a fatores intrínsecos, como falha no sistema vestibular, alteração na propriocepção, hipotensão postural, arritmia, problemas estes que surgem com o avanço da idade. Apesar disso, dois terços dos sujeitos relatavam percepção individual de saúde de boa a excelente.

A diminuição da força dos membros inferiores, diminuição da velocidade dos passos, dores provenientes de artrose do quadril, são identificados como fatores de risco para quedas, assim como as alterações que ocorrem no padrão de marcha. Uma das alterações é a diminuição da velocidade de marcha em relação ao jovem, com os passos mais curtos e o tempo de duplo apoio aumenta, buscando-se maior estabilidade.

Porém, paradoxalmente, esta estratégia está relacionada a indivíduos com maior risco de queda. A diminuição da velocidade da marcha também está associada ao avanço da idade e diversos são os fatores que podem explicar este comportamento, como a busca de estabilidade do corpo, diminuição na flexibilidade das articulações, principalmente do tornozelo, joelho e quadril, alterações na propriocepção, mudança das capacidades sensório-motoras.

A projeção do tronco à frente, a qual está associada a alterações de parâmetros espaciais e temporais, gerando instabilidade e provocando um balanço alterado do tronco no sentido antero-posterior, é apontada como outro fator que altera o padrão de marcha em idosos.

Além disso, o indivíduo idoso apresenta maior aceleração horizontal da cabeça, transformando-a numa plataforma menos estável para o sistema visual. A velocidade de contato do calcanhar é maior que no adulto jovem, havendo redução do poder de absorção mecânica no joelho, além da ativação dos isquiotibiais (conjunto de músculos da cocxa) ser tardia, aumentando o risco de deslize e queda.

Ocorre também diminuição do comprimento do passo, aumento do tempo na fase de apoios simples e duplo, ocorrendo menor força propulsiva na fase de impulsão, o que faze o idoso buscar um padrão de marcha mais seguro. Tentando aumentar a estabilidade o indivíduo aumenta também a largura de seus passos, com o objetivo de diminuir a oscilação lateral do tronco que também ocorre nesta população e aumenta a dificuldade para transpor obstáculos .

As estratégias de iniciação da marcha, isto é a transição da posição estática para a dinâmica, foi comparada entre idosos e adultos jovens. Verificou-se que a pré-ativação da musculatura que envolve o tornozelo foi significativamente menor nos idosos em relação aos jovens. Este é um momento que reflete a capacidade de o organismo prever as mudanças posturais necessárias para avançar o corpo e continuar o movimento. Este atraso na pré-ativação aumenta o risco de quedas e a ocorrência de marcha ineficiente.

Desta forma, a atividade física com o objetivo de reduzir problemas na marcha de idosos, diminuindo o risco de queda, é efetiva, diminuindo significativamente sua incidência e evitando lesões limitadoras.

Por Prof. Dr. Newton Nunes www.areadetreino.com.br